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Entre os programas do Pronasci, nenhum foi tão promovido pelo Ministério da Justiça quanto o Mulheres da Paz. O objetivo do projeto é formar mulheres para atuarem como pacificadoras. A missão delas é identificar jovens com potencial de envolvimento com o crime e encaminhá-los para cursos, oficinas culturais e palestras. Nas quatro cidades paranaenses onde o programa já funciona ou está no processo de capacitação – Curitiba, Piraquara, Araucária e São José dos Pinhais – elas já são mais de 500.

Em Piraquara, onde elas já vão à luta para afastar jovens das drogas – às vezes, os próprios filhos e netos –, elas são 87. Uma delas, Ivete Castro dos Santos, 50 anos, moradora do bairro Guarituba, não teve tempo de ajudar o filho Rudi, então com 22 anos, há quatro anos. Em uma sexta-feira, ele não teve tempo de concretizar a decisão de abandonar as drogas: foi morto poucas horas depois. A participação no projeto permitiu que Ivete se ajudasse e fizesse o mesmo por outros jovens. "Eu entrei para fazer por alguém o que eu não pude fazer por ele", diz, entre lágrimas.

A colega Beatriz Urch, 22 anos, também utiliza a experiência no dia a dia. Criada pelo pai e pela madrasta, a violência era comum em casa. Em sua vida adulta: apanhava do marido e batia nos filhos de 2 e 5 anos. Hoje, diz às mulheres que não aceitem essas situações e as encaminha para ajuda psicológica e legal. O filho mais velho sente a diferença: "Ele disse uma vez na sala de aula que a mãe dele era mulher de paz. A professora me chamou para dar uma palestra. De noite, em casa, ele me disse: ‘Mãe, eu te amo tanto’. Ele tem orgulho".

As mulheres são procuradas para ajudar em tudo: de brigas familiares a problemas com drogas e pedofilia. Dão conselhos, mas, como boas juízas da vida alheia, só interferem se convidadas. O retorno é o respeito da comunidade e uma bolsa de R$ 190 mensais. "Só a mulher, a mãe especialmente, tem o poder de ir até uma boca de fumo e brigar com o traficante", diz o secretário executivo do Pronasci, Ronaldo Teixeira. "Muitas vezes, ele não teme nem a polícia, mas a mãe ele teme. Elas são essenciais para o Brasil ganhar essa luta".

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