Rio de Janeiro - O policial militar Marcos Pereira do Carmo, que confessou ter matado o estudante Daniel Duque, de 18 anos, foi absolvido por unanimidade na madrugada de ontem pelo 3º Tribunal do Júri. Os advogados da família da vítima vão pedir a anulação do julgamento. "Apesar de a defesa e a promotoria defenderem a tese de legítima defesa, o júri absolveu por considerar que o disparo foi acidental quando Daniel tentou tirar a arma do PM. Esta decisão é contrária às provas, pois a vítima foi baleada pelas costas quando se levantava para correr, conforme apontam todos os laudos", disse o advogado Wagner Magalhães.
Duque foi baleado na madrugada do dia 28 de junho na porta da boate Baronetti. Ele e os amigos haviam se envolvido em uma briga com um amigo de Pedro Velasco, filho da promotora do Ministério Público Marcia Velasco, cuja segurança era feita pelo PM. "Foi um circo armado pelo corporativismo do Ministério Público. O promotor agiu como defesa", disse a mãe da vítima, Daniela Duque, que protestou durante o julgamento e foi expulsa do plenário.
O promotor Marcelo Monteiro rebateu as acusações. "Quem absolveu o policial não fui eu, mas os sete jurados e por unanimidade. É compreensível que uma mãe não aceite que o filho errou nestas circunstâncias", afirmou Monteiro. Ele afirma que os autos contam outra versão da apresentada pelos amigos e testemunhas de acusação que, segundo ele, caíram em contradições "As três moças que teriam presenciado o crime deram três posições diferentes para Daniel. A jovem apontada pela amiga como a pessoa que ajudou a vítima a levantar disse que estava distante", exemplificou.
Durante o julgamento, o promotor chamou os amigos de Daniel de "um bando de pitbulls desaforados". "Como provam os autos, o PM estava cercado por pelo menos três lutadores de artes marciais embriagados, inclusive Daniel. O policial se identificou, deu dois disparos de advertência para o alto e mesmo assim a vítima tentou tirar a arma dele", declarou Monteiro.
Apesar de o júri ter aceito a tese de tiro acidental, o promotor afirma que, mesmo se o disparo fosse voluntário, pediria a absolvição. "Se alguém souber qual a outra atitude que o PM deveria tomar para não ser espancado deve dizer", desafiou Monteiro.
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