O segundo julgamento do caso do assassinato de Paulo Gustavo de Freitas Turkiewicz, o herdeiro da extinta cadeia de lojas de móveis e eletrodomésticos Disapel, terminou com a condenação de Al­­thaídes Prestes Lemos a 21 anos de cadeia. Segundo o júri, ele foi o autor dos disparos. A sentença foi anunciada pelo juiz Daniel Surdi de Avelar ontem à noite, no Tribunal do Júri, em Curitiba, após 12 horas de julgamento.

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A estratégia da defesa, comandada pelo advogado Matheus Gabriel Rodrigues de Almeida, baseava-se na tese de que Lemos não estava em Curitiba no dia do crime. Segundo o defensor, um documento atesta que Lemos estava em Caçador (SC), fazendo um tratamento odontológico. O júri, entretanto, não acreditou no álibi do réu e o condenou por homicídio duplamente qualificado: praticado sob encomenda e sem a possibilidade de defesa da vítima.

Lemos ainda poderá apelar da condenação, mas ficará preso até uma nova apreciação do caso. O réu já tinha antecedentes criminais por porte ilegal de arma e tentativa de homicídio. Além de Lemos, Rogério Juliano Gonçalves já foi julgado em fevereiro do ano passado e condenado a 12 anos de prisão como um dos agenciadores do atirador. Outros dois acusados de envolvimento no caso ainda devem ser julgados.

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Segundo o Ministério Público, o advogado Guilherme Navarro Lins, amigo íntimo da vítima, teria sido o mandante. Lins teria contratado Sebastião Cân­di­do Gouveia para executar Tur­kiewicz. Gouveia e Gonçalves te­­riam agenciado o atirador, Lemos. O advogado teria pago R$ 25 mil pela execução, a fim de acobertar o desvio de dinheiro feito para contas próprias – os recursos viriam do remanejamento do patrimônio restante da extinta Disapel, em grande parte remetido a contas no exterior.

Outra versão apurada na época das investigações é de que Turkiewicz, responsável pela massa falida das Lojas Disapel, teria participado das aplicações feitas no exterior e teria desviado R$ 2 milhões, o que teria irritado o ad­­vo­­gado, cúmplice da fraude. "Nós levantamos que o Paulo Gustavo foi assassinado porque o Gui­lherme desconfiava que o empresário teria se apoderado de aproximadamente R$ 2 milhões do montante desviado", disse Alcimar Garret, então titular da Delegacia de Homicídios, de acordo com notícias veiculadas na época.

Mesmo com a condenação de dois dos quatro acusados de envolvimento no crime, a família diz ainda não estar satisfeita. "Nós só vamos parar depois que todos forem condenados. Nós vamos considerar ‘justiça feita’ depois que todos pagarem pelo que fizeram", afirmou Ana Cristina Turkiewicz, irmã da vítima. "Já se passaram seis anos e não foram todos julgados. Todas as brechas que a justiça dá para que os acusados entrem com mais e mais recursos tornam todo o processo mais doído para a família", completou. O assassinato de Turkiewicz aconteceu no dia 1º de abril de 2003.

Ontem, antes do início da sessão de julgamento, amigos e familiares da vítima se reuniram em frente ao Tribunal do Júri para um protesto silencioso. Com faixas e camisetas brancas, com a foto de Turkiewicz, eles pediram justiça.