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Avó da menina Isabella, morta em março de 2008, mostra tatuagem que fez para homenageá-la: mãe da garota não passa bem durante o julgamento, segundo o promotor de Justiça | Felipe Araújo/AE
Avó da menina Isabella, morta em março de 2008, mostra tatuagem que fez para homenageá-la: mãe da garota não passa bem durante o julgamento, segundo o promotor de Justiça| Foto: Felipe Araújo/AE

Do lado de fora, amigos e curiosos fazem vigília

Amigos da família da menina Isabella, manifestantes e curiosos continuavam ontem, desde cedo, em frente ao Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo, no terceiro dia do julgamento do casal Nardoni. A auxiliar de cozinha Suely Maria da Conceição, 32 anos, que criou uma comunidade no site de relacionamentos Orkut, chamada "Para Sempre Nossa Estrelinha", em homenagem a Isabella, acompanha todos os minutos do julgamento desde segunda-feira. Suely não conhecia a garota nem a mãe, mas disse que se comoveu tanto com a história que fez de tudo para conhecer Ana Carolina Oliveira pessoalmente.

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São Paulo - O julgamento de Anna Carolina Jatobá, 26 anos, e Alexandre Nardoni, 31, poderá ter hoje uma acareação entre o casal e Ana Carolina de Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, 5, morta em 2008 ao ser agredida e jogada pela janela. O pedido foi feito pela defesa no final da tarde de ontem, depois de o advogado Roberto Podval anunciar que dispensaria o restante das testemunhas do caso. O juiz imediatamente negou o pedido, afirmando que acareações entre réus e testemunhas não podiam ser feitas, mas depois voltou atrás. O interrogatório do casal também deve ser feito hoje.

Antes de o juiz reconsiderar a decisão sobre o acareamento, houve uma discussão entre Podval e o promotor Francisco Cembranelli. O promotor disse que Ana Caro­lina de Oliveira, que desde anteontem permanece à disposição do julgamento, a pedido da defesa, está deprimida e não tem se alimentado bem.

O advogado, então, disse que quis dispensar as testemunhas justamente para poupá-la. Em seguida, por uma hora e meia, o juiz ficou no computador para anotar a decisão nos autos. Saiu da sala e, ao voltar, afirmou que tinha voltado atrás porque sua interpretação inicial foi equivocada e poderia ferir o "princípio de ampla defesa". Hoje, o advogado deverá pedir novamente a acareação, que deve acontecer depois do depoimento dos dois réus.

Provas

O primeiro depoimento de ontem foi o da perita Rosângela Monteiro, que chefiou os trabalhos técnicos na investigação da morte de Isabella. A defesa do casal Nardoni fez diversos questionamentos sobre possíveis falhas na perícia.

A perita disse que a conclusão de que foi Alexandre quem jogou a menina pela janela não foi tomada por exclusão, mas por provas. A principal delas, disse, é a camiseta usada por ele, que tinha marcas da tela de proteção da janela que só poderiam ser feitas se estivesse carregando um peso de pelo menos 25 quilos. "Se a camiseta era de Alexandre, foi ele quem defenestrou’’, disse ao responder as perguntas da defesa.

Porém os advogados de defesa insistiram que vão derrubar essas provas no momento dos debates entre as partes, o que deve ocorrer hoje ou amanhã. "Faz diferença, sim [sobre a forma com que a perícia simulou Alexandre atirando Isabella pela janela], e isso vai constar depois [na hora dos debates]’’.

Advogado criminal que acompanha o julgamento por meio de amigos que estão no plenário, Antônio Gonçalves conclui: "Esse é um debate sui generis no país. Normalmente, é emoção contra emoção. Aqui, foi emoção contra tecnologia.’’ Criminalistas ouvidos pela reportagem dizem que existe possibilidade de absolvição.

Agressão

Nos primeiros dias foram apenas vaias. Depois vieram gritos e xingamentos. Ontem, no terceiro dia de julgamento do casal Ale­xandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, o que começou como ma­­nifestação popular descambou para agressão. Roberto Podval, que coordena a defesa do casal, foi duramente hostilizado na porta do Fórum de Santana e chegou a ser atingido de raspão por um chute.

O episódio ocorreu no momento em que os advogados retornavam do almoço. Minutos antes, os avós maternos de Isabella, Rosa Cunha de Oliveira e José Arcanjo de Oliveira, foram aplaudidos pelas pessoas que se aglomeravam diante do Fórum. A avó de Isabella chegou a exibir uma tatuagem que leva no antebraço esquerdo com a inscrição "Isa", em homenagem à neta.

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