A Justiça de São Paulo deu prazo de 60 dias para a Prefeitura de São Paulo finalizar processos administrativos em andamento e regularizar o uso de áreas ocupadas pelas escolas de samba da capital. Em caráter liminar, a decisão atende a um pedido do Ministério Público (MP), que identificou uma série de irregularidades na concessão de espaço público para agremiações do Grupo Especial paulistano.

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De acordo com ação civil pública instaurada em 2010, nenhuma das 14 escolas cumpre as regras definidas pelo zoneamento da área ocupada. Há registros de problemas como excesso de barulho e trânsito no entorno. Além disso, nove agremiações da lista nem têm permissão para ocupar o espaço onde montaram quadras ou barrações. As irregularidades são conhecidas da Prefeitura - em alguns casos, há mais de sete anos.

O promotor de Justiça José Carlos de Freitas ainda afirma na ação que as escolas não pagam a taxa mensal estabelecida em lei como contrapartida ao uso do espaço público. Decreto municipal de 2008 estipula a cobrança de uma outorga onerosa de 0,3% sobre o valor de mercado da área utilizada. "Mas isso é apenas uma formalidade, pois a escola não quer pagar e a Prefeitura não quer cobrar", diz.

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Com base em dados colhidos pela própria Prefeitura, a ação também elenca situações onde a lei não chegou a ser aplicada. A Rosas de Ouro, por exemplo, ocupa uma área pública de 3 mil m² na zona norte da capital por "empréstimo". Até hoje, nenhum termo de permissão de uso foi assinado entre as partes.

Outro problema grave na análise de Freitas é a ocupação de terrenos sob pontes e viadutos. "As escolas nessas condições precisam ser retiradas o mais rápido possível. Elas manipulam materiais inflamáveis e podem provocar acidentes. Em janeiro, uma delas pegou fogo", diz o promotor, referindo-se à Mocidade Alegre. Por causa do acidente, o Viaduto Pompeia ficou interditado por seis meses.

Ao conceder a liminar, o juiz Luís Manuel Fonseca Pires, da 13ª Vara da Fazenda Pública, entendeu que a não conclusão dos processos de regularização representa um descaso com o patrimônio público. Já a Prefeitura informou ontem que "não havia sido notificada da decisão, mas que há algum tempo desenvolve esforços para a regularização do uso de áreas públicas por entidades carnavalescas".

O presidente da Liga das Escolas de Samba, Paulo Sérgio Ferreira disse que já se busca a regularização há dois anos. "Estamos regularizando quase 70% das escolas. Com a entrega da Fábrica do Samba, no ano que vem, esse problema será resolvido." Procurada, a Rosas de Ouro não respondeu aos questionamentos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.