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A Justiça do Rio Grande do Sul aceitou nesta segunda-feira (10) a denúncia oferecida pelo Ministério Público gaúcho (MP-RS) contra três policiais paranaenses do Grupo Tigre. No fim do ano passado, os policias trocaram tiros com um sargento da Brigada Militar gaúcha, quando investigavam o sequestro de dois agricultores paranaenses em Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre. O brigadista Ariel da Silvafoi atingido por um tiro e morreu.

A denúncia foi recebida pela juíza Eda Salete Zanatta de Miranda, da 1ª Vara Criminal de Gravataí. Os três policiais paranaenses foram denunciados por homicídio doloso – quando há intenção de matar.

O caso ocorreu em 21 de dezembro de 2011, quando equipes do Grupo Tigre se deslocaram a Gravataí para monitorar uma quadrilha de sequestradores, que mantinha dois agricultores paranaenses em cativeiro. Os agricultores haviam ido ao Rio Grande do Sul para comprar máquinas agrícolas, anunciadas pelos sequestradores na internet.

Os policiais do Grupo Tigre estavam em uma viatura descaracterizada quando foram abordados pelo brigadista gaúcho. Segundo os policiais, Ariel da Silva estava à paisana e não se apresentou como policial. Ele teria interpelado os paranaenses com a arma em punho e chegou a disparar.

O MP gaúcho, no entanto, diz na denúncia oferecida à Justiça que os agentes do Grupo Tigre estavam no Rio Grande do Sul de forma clandestina, já que não teriam informado as autoridades locais da investigação. Segundo o MP, os policiais paranaenses é que abordaram o brigadista e que atiraram contra ele com a intenção de matá-lo. A Justiça gaúcha também vai analisar o pedido de afastamento do cargo dos denunciados.

O delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Vinícius Michelotto, lamentou o recebimento da denúncia e disse que confia na Justiça. "A ação dos policiais foi legítima defesa, eu confio na Justiça gaúcha para o trancamento da ação em recurso, porque está mais que claro que eles serão absolvidos se levados a julgamento", declarou. Michelotto também explicou que não cabe ao Estado entrar com recurso, pois a ação é individual. "Os policiais podem entrar com recurso com advogados, mas o estado do Paraná não tem o que fazer sobre isso".

Caso terminou com morte de refém

No dia seguinte ao confronto que vitimou o brigadista gaúcho, a polícia do Rio Grande do Sul localizou a casa em que os agricultores paranaenses eram mantidos reféns. Na tentativa de estourar o cativeiro, no entanto, policiais gaúchos acabaram acertando um tiro no agricultor Lírio Persch, que morreu.

Uma perícia concluiu que o tiro que matou Persch saiu da arma do delegado gaúcho Leonel Carivali, da 1.ª Delegacia Regional Metropolitana, sediada em Gravataí. O policial alegou legítima defesa, já que ele disse ter ouvido barulho de estampidos no momento em que estouravam o cativeiro do agricultor.

Confronto

Sobre a morte do sargento gaúcho, as investigações revelaram que houve confronto armado entre os investigadores paranaenses e Ariel da Silva. O confronto ocorreu após a tentativa de abordagem. Segundo a polícia, o sargento estava à paisana e em uma moto sem identificação da polícia. Ele teria tentado interpelar os agentes do Tigre já com arma em punho e sem se identificar como policial.

Na época, o delegado-chefe do Tigre, Renato Bastos Figueiroa, defendeu a ação dos policiais paranaenses. Segundo ele, só houve confronto porque o sargento gaúcho sacou a arma enquanto seguia de moto em direção ao veículo do Tigre. "O grupo Tigre está com a consciência tranquila de ter agido de acordo com o que as circunstâncias exigiram. Tanto eu como outra equipe teria agido da mesma forma", disse em entrevista à Gazeta do Povo.

Os policiais paranaenses chegaram a ficar um mês presos durante as investigações. Eles foram soltos no dia 20 de janeiro deste ano.

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