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A revista pessoal feita nos alunos do Colégio Municipal Omar Sabbag, no bairro Cajuru, na última terça-feira, não desagradou apenas aos pais de estudantes, que teriam sofrido maus-tratos na Delegacia do Adolescente de Curitiba, no bairro Tarumã. No dia seguinte, a juíza Maria Roseli Guiessmann, da Vara de Infância e de Juventude da capital, solicitou informações a respeito da operação, que resultou na apreensão de 12 adolescentes. A magistrada queria saber a maneira como os estudantes foram recebidos na delegacia e qual foi a participação da Guarda Municipal na ação.

A orientação da Justiça é para que a Delegacia do Adolescente mude o procedimento em relação a alunos apreendidos durante buscas realizadas nas escolas. A Vara de Infância e de Juventude pediu a instalação de uma nova sala na delegacia, exclusiva para o encaminhamento de estudantes apreendidos por causas leves, como brigas e desacato. O objetivo é separá-los dos adolescentes infratores.

Se muitos são contrários à participação da polícia no dia-a-dia da escola, também há quem seja favorável. Para o pedagogo Paulo Ross, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a polícia deveria ter um papel maior na educação dos jovens. "Sou favorável a que as diversas áreas se conectem. Nesse sentido, a polícia pode se tornar educadora", diz. "Estando no meio escolar, a polícia vai deixar de ser violenta e se tornar educativa."

Essa presença, no entanto, não pode ser repressiva, diz Ross. "Temos que ressaltar essa dimensão educativa da polícia. Ela precisa estar presente, não para reprimir comportamentos, mas para transmitir uma sensação de segurança", afirma. "Quando o aluno leva drogas e armas para a escola e não é punido, a mensagem que fica é de que tudo é válido."

Para o pedagogo, de maneira geral a interferência da polícia não gera traumas. "Para a formação do indivíduo não. Nossa vida é um misto de dúvidas e incertezas, não creio que a polícia seja intimidativa a ponto de causar traumas", comenta. "O medo gera luta ou fuga. Se conseguirmos passar desse estágio para o estágio da compreensão, da consciência de atitudes preventivas, de respeito pelo outro, atingiremos um estágio superior. O que não podemos é ter a sensação de que ninguém será reprimido." Ross defende uma capacitação conjunta de policiais e professores. "O policial deve ter uma formação humanística. Poderiam ser feitos cursos junto com os professores."

Favorável

Outra educadora, a deputada estadual Elza Corrêa (PMDB), também é favorável à presença da Polícia Militar nas escolas públicas. "Defendo o projeto da Patrulha Escolar. Percebo os resultados quando converso com as pessoas dos núcleos regionais de ensino", diz a parlamentar, professora de História e presidente da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa. "Nas escolas com apoio da Patrulha Escolar e do Projeto Povo, a violência diminui sensivelmente."

Aliada

A deputada, no entanto, faz uma ressalva: a polícia não pode interferir no trabalho diário dos estabelecimentos de ensino. "A polícia não está e não deve estar dentro da escola, ela tem que ser uma aliada, uma amiga", afirma. "Não deve ser uma polícia para reprimir, para transgredir os limites do seu poder, mas para acompanhar e proteger. Deve ser mais um integrante da comunidade."

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