• Carregando...

Brasília – A Justiça Federal concedeu o pedido para prorrogar, por mais 30 dias, as investigações sobre o "dossiegate", a tentativa de compra por petistas de um dossiê contra políticos tucanos a respeito de um suposto envolvimento com a máfia dos sanguessugas. O pedido partiu do delegado da PF, Diógenes Curado, responsável pelas investigações.

Ontem, a CPI dos Sanguessugas recebeu o relatório parcial produzido pela PF de Cuiabá sobre as investigações do dossiegate. Depois do impasse sobre o envio do material à comissão, o juiz Jefferson Schneider, da 2.ª Vara da Justiça Federal em Cuiabá, encaminhou o relatório ao presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ).

Obstrução

O vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), disse que grande parte dos documentos da Justiça e da Polícia Federal de Cuiabá sobre as investigações do dossiegate não foi entregue.

As aguardadas quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico dos envolvidos, segundo Jungmann, não foram repassadas pela PF, assim como áudios e transcrições de escutas telefônicas e as imagens do circuito interno de tevê do Hotel Íbis – onde a PF apreendeu Gedimar Passos e Valdebran Padilha com R$ 1,7 milhão que seria usado para comprar o dossiê.

"De fato isso configura obstrução das investigações. A responsabilidade por essa obstrução me parece que é da Polícia Federal, e eu não sei se também da parte do juiz (Schneider)", criticou Jungmann.

O deputado disse que vai consultar outros membros da comissão para discutir as providências a serem tomadas diante do impasse. Jungmann evitou, no entanto, acusar o deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), presidente da CPI, de estar sonegando informações aos demais membros da comissão. "Eu prefiro não pre-julgar", disse.

Biscaia determinou, segundo Jungmann, que os membros da CPI tenham acesso aos documentos enviados por Schneider somente hoje. "Amanhã (hoje) volto aqui para ter acesso às informações", afirmou.

Diante de tamanha divisão entre os membros da comissão, Jungmann se disse "espantado" com a disputa política dentro da CPI. "Ninguém de bom senso deve querer dividir a CPI", criticou.

Disputa eleitoral

Biscaia disse que vai impedir a disputa eleitoral dentro da CPI e que os trabalhos prosseguirão normalmente. "Continuarei usando de tudo o que for possível para evitar a disputa eleitoral dentro da CPI, mas parece que alguns não estão agindo da mesma maneira", afirmou o presidente da Comissão.

O petista enfrenta a reação dentro da comissão dos aliados de Alckmin, como Jungmann, o líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), e o subrelator Carlos Sampaio (PSDB-SP).

A disputa entre governistas e oposição preocupa integrantes da CPI que tentam um consenso para que a eleição não inviabilize o trabalho da comissão.

O subrelator Fernando Gabeira (PV-RJ) defende que nesta semana os trabalhos fiquem suspensos até que seja realizado o segundo turno das eleições.

"Com o país dividido, a Câmara está dividida também", comentou Gabeira.

Sigilo

Ele pretende propor ao presidente da CPI que até domingo os parlamentares não tenham acesso aos documentos que fazem parte da investigação da PF. "Ninguém tem acesso aos anexos (do inquérito) até o segundo turno para não pinçar dali uma meia verdade e, a partir de domingo, o material fica franqueado para prepararmos a audiência de terça-feira", sugeriu Gabeira.

O líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), informou que vai fazer um requerimento para que a CPI cobre dos bancos nos quais teriam sido sacados os reais apreendidos com os petistas a identificação dos sacadores. Para Maia, como estava envolvido com cintas das instituições financeiras, o dinheiro tem de ter sido registrado pela agência bancária no qual foi sacado.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]