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O fenômeno meteorológico La Nina, que provocará um inverno seco e frio no Sul do país, já causou prejuízos às duas principais culturas de grãos da estação no Paraná. Até o final de maio, a estiagem já havia provocado quebra de 6% na produção estimada de trigo e 5,4% na de milho safrinha, segundo levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab).

"As perdas deverão ser maiores, principalmente no milho, que tem cerca de 70% das lavouras nas fases de floração e frutificação", afirma Margorete Demarchi, agrônoma do Deral. A falta de chuva nessas duas fases é danosa para o milho, porque provoca, respectivamente, o abortamento de flores ou o enchimento irregular dos grãos. Já o trigo, que até a semana passada tinha 70% da área prevista plantada no estado, poderá se recuperar com a volta das chuvas.

Essa expectativa é confirmada pelo Instituto Tecnológico Simepar, especializado no acompanhamento meteorológico. A meteorologista Sheila Paz prevê que, em aproximadamente dois meses, o La Niña perca força e as chuvas se regularizem gradualmente. O fenômeno provoca o resfriamento das águas do Oceano Pacífico na linha do Equador, resultando em um inverno frio e seco no Sul e chuvoso no Norte do país. O inverno começa oficialmente na próxima quarta-feira.

Todo o Paraná registrou chuvas abaixo das médias históricas neste outono. Mas o problema é mais grave nas regiões Oeste, Norte e Sul - principais áreas produtoras na safra de inverno. Na região de Cascavel (Oeste), a estiagem vem desde fevereiro. Mas se agravou em maio, com apenas 7 milímetros (mm) de chuva (4% dos 175 mm esperados). Nos primeiros 12 dias de junho, choveu na região de Cascavel apenas 22 mm. A média mensal é 110 mm.

A região de Londrina registrou apenas 27 mm em maio, contra a média histórica de 123 mm. Em junho, até ontem, foram 6 mm, para uma média prevista de 92 mm. Em Palmas (Sul), choveu 13 mm em maio (a previsão era 115) e 6,8 em junho (contra os 115 previstos).

Nesta safra, o trigo já havia sofrido uma redução de 22% na área plantada, em relação a 2005 - de 1,28 milhão para 992 mil hectares -, por causa do desânimo do produtor em virtude das dificuldades na comercialização e dos preços baixos. A estiagem só piorou esse cenário. A produção estimada pelo Deral já sofreu redução de 6%: de 2,47 milhões para 2,32 milhões de toneladas. Se comparada com a safra 2005, que atingiu 2,8 milhões de toneladas, a quebra já se aproxima dos 17%. O Paraná é o maior produtor brasileiro de trigo.

A quebra no milho safrinha, do qual o Paraná também é líder nacional, fechou maio em 5,4%, segundo o Deral. Caiu da previsão inicial de 3,54 milhões para 3,35 milhões de toneladas. A área destinada à cultura aumentou 15% nesta safra, de 864 mil para 990 mil hectares. Mas a cultura foi afetada desde o plantio pela estiagem, que já prejudicara a safra de verão. Apenas 5% da área está colhida.

Além do trigo e do milho, a seca prejudica as pastagens. Em algumas regiões, como a de Guarapuava (Centro-Sul), já falta até água para os animais. As culturas beneficiadas são o café e a cana, que estão em fase de colheita.

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