Um laboratório de análises clínicas credenciado ao Sistema Único de Saúde (SUS) cobrava uma seringa para entregar resultados de exames em São José dos Pinhais. A denúncia foi feita pela funcionária pública Maria Aparecida Prestes, que precisou de um exame de sangue e foi encaminhada ao laboratório Santa Maria. A reportagem da Gazeta do Povo acompanhou a funcionária, que precisou entregar a seringa para pegar o resultado na tarde de ontem. Durante a permanência no laboratório pelo menos duas outras pessoas também entregaram seringas para obter a análise dos exames.

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"Quando reclamei, eles disseram que se não tivesse condições de dar a seringa me liberariam. Eu tenho dinheiro, mas o problema é que tem gente que não tem dinheiro para pegar ônibus e precisa pagar por uma seringa, é um absurdo porque o laboratório presta serviço público", disse Maria Aparecida.

A diretora geral da secretaria de Saúde do município, Sônia Maria Paul Reich, admitiu que a prática é irregular e informou que pretende averiguar o caso e tomar as providências necessárias. De acordo com ela, apesar do laboratório estar credenciado ao SUS, a administração municipal tem autonomia para decidir sobre seu descredenciamento. Ainda segundo Sônia, o município começou este mês a fazer um levantamento sobre a qualidade dos serviços ofertados pelos prestadores de serviços credenciados ao SUS e que atendem a população de São José dos Pinhais. "Nesse processo também vamos analisar a necessidade de manter esses parceiros", disse.

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Paulo Von Linsingen Netto, proprietário do laboratório Santa Maria, afirmou que a entrega da seringa não era uma exigência para a liberação dos resultados. "Pedimos a título de colaboração para aliviar nossas despesas, mas não é obrigatório", disse. Segundo ele, os valores repassados pelo SUS não são suficientes para cobrir as despesas com os exames públicos. "Estamos 15 anos sem reajuste, mas dependemos quase que totalmente do SUS", argumenta. Netto garantiu, entretanto, que diante da polêmica, decidiu suspender o procedimento. O texto que informava o paciente sobre a entrega da seringa será riscado do protocolo feito para a retirada do exame.