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Campo Mourão – O roubo de animais no pasto, principalmente cavalos, está assustando e preocupando pequenos agricultores na Região Noroeste do estado, que já começam a reforçar a segurança. Alguns aumentaram o número de cães no canil e outros investiram em armas de grosso calibre para proteger a propriedade. Somente nos últimos 15 dias, seis cavalos, todos utilizados no trabalho diário da lavoura, foram roubados em Campo Mourão e em municípios vizinhos. Os ladrões agem durante a madrugada, cortam as cercas de arame farpado e levam os animais sem deixar marcas no chão. Os agricultores acreditam que os cavalos devem estar sendo vendidos a frigoríficos da região. "Procurei em várias propriedades, até mesmo em vendedores de cavalos da região, e não encontrei os dois cavalos meus que foram roubados", diz o agricultor Apolônio Barramkievcz, 64, que na última quarta–feira teve dois animais, avaliados em R$ 3 mil, roubados no pasto da propriedade. "Percebi que os cachorros estavam latindo demais, mas não tive coragem de ver o que estava acontecendo. Dei falta dos animais no dia seguinte", relata Apolônio. Segundo ele, essa não é a primeira vez que tem animais roubados. "No início do ano levaram um cavalo e um boi, também durante a madrugada".

Para ter mais segurança na propriedade, o agricultor comprou vários metros de tela de arame para aumentar o canil e deve comprar mais cães de raça. "Já tenho que guardar todas as ferramentas dentro de casa, daqui a uns dias vou ter que dormir no pasto", ironiza Apolônio. Conforme o agricultor, há dois anos quando eram feitas rondas pela Patrulha Rural, o campo era mais tranqüilo. "Agora não dá para deixar nada no lado de fora que durante a madrugada evapora".

A Polícia Militar informou que a Patrulha Rural foi desativada, não tem data para voltar a funcionar, e que as ocorrências de roubo de animais no campo são atendidas pela Rone. Mas a precariedade no atendimento da polícia decepciona os agricultores roubados. Um deles, que não quis se identificar, conta que recentemente denunciou o roubo de um cavalo e várias ovelhas, mas nada foi resolvido. "Eles chegaram aqui pegaram os dados e foram embora, sequer perguntaram o meu nome". Ele então decidiu comprar algumas armas e está negociando com outros agricultores para contratar um grupo armado de seguranças para cuidar das propriedades à noite. "Se for desconhecido e estiver rondando uma ou outra propriedade, vai levar chumbo grosso", ameaça.

Sem condições de comprar cães ou investir em armas, o agricultor Jair Vwenneck, que tem apenas um cavalo usado no trabalho diário do campo, encontrou uma alternativa para não ter o animal roubado. "Quando levo o cavalo para pastar no campo fico com olhos bem abertos e ao final da tarde, recolho o animal para um estábulo improvisado ao lado da casa", conta. "Se me levarem esse cavalo, vou ficar muito tempo sem poder trabalhar na roça".

Os cinco cães de raça que o empregado, Alzires Ribeiro, cuida em uma propriedade rural de Campo Mourão, impediram que cavalos e outros animais fossem roubados recentemente. "Os ladrões cortaram toda a cerca de arame e só não levaram os cavalos por que os cachorros começaram a latir muito", conta Ribeiro. Conforme ele, além de não deixar mais os animais no pasto, está colocando-os próxima a casa. "É a única forma de impedir o roubo".

O agricultor Luiz Roberto Rodrigues, deve ficar pelo menos quatro meses sem trabalhar no campo até domar outros dois cavalos selvagens. Há 15 dias, o único cavalo manso que fazia todo o trabalho na lavoura, foi roubado.

A 16.ª Subdivisão policial de Campo Mourão, por não ter o sistema informatizado de registros de ocorrências, não soube informar os números de roubo de animais nos últimos sete meses. "Sabemos que tem, mas está difícil de achar", diz um investigador.

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