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Amostras de água apontam baixos níveis de oxigênio no Lago Norte, em Londrina, o que indica a presença de matéria orgânica em excesso. | Gilberto Abelha/Jornal de Londrina
Amostras de água apontam baixos níveis de oxigênio no Lago Norte, em Londrina, o que indica a presença de matéria orgânica em excesso.| Foto: Gilberto Abelha/Jornal de Londrina

Com níveis de oxigênio muito baixos e uma quantidade de bactérias bastante superior ao aceitável, o Lago Norte pede socorro. Essa é a conclusão da análise detalhada das amostras coletadas pelo ecoesportista paulistano Dan Robson Dias em dezembro. A bordo de um caiaque, ele percorreu trechos dos lagos Igapó e Norte, coletando material.

As amostras foram coletadas numa extensão de 13 quilômetros dos quatro trechos do Lago Igapó e do Lago Norte. O material coletado foi encaminhado ao Projeto Índice de Poluentes Hídricos, da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), que vem mapeando as condições das águas no país.

Dos 153 pontos analisados, 110 tiveram a qualidade da água considerada regular, 38 boa e cinco ruim. Na análise física, química e microbiológica das amostras, um dos fatores mais alarmantes foi a quantidade de oxigênio dissolvido (OD) na água. No Igapó, os índices ficaram entre 4,8 e 6,2; no Lago Norte, entre 2,1 e 3,1. “Um lago saudável tem um índice próximo de 8. Abaixo disso, já não se tem condições favoráveis à vida de seres aquáticos”, comparou a bióloga e pesquisadora da USCS, Marta Marcondes.

O índice de unidades formadoras de colônias (UFC), ou seja, microrganismos presentes na água, reforça a falta de qualidade da água do Lago Norte. “O parâmetro aceitável para lagos urbanos é de até 300 UFC e a amostra tinha 5,2 mil”, conta Marta. Nesse quesito, o Lago Igapó 4 também foi mal avaliado, com 740 e 590 UFC nas duas amostras coletadas.

Segundo a pesquisadora, os dados mostram que os lagos, principalmente o Norte, estão recebendo uma quantidade de matéria orgânica, provavelmente em forma de esgoto não tratado, superior à sua capacidade de reestruturação. “Cada vez que se despeja matéria orgânica num lago, os microrganismos trabalham para decompor essa matéria e essa decomposição consome oxigênio. A baixa quantidade de oxigênio mostra que o despejo está sendo muito alto”, explicou.

Dentre os microrganismos encontrados nas amostras dos lagos londrinenses, foram encontrados grupos de bactérias Escherichia coli e Enterococcus, que apontam a contaminação por fezes e urina. Essas bactérias causam problemas como gastroenterite, diarreia, infecções urinárias e até meningite.

Privilegiada

Acostumada a analisar lagos da região metropolitana de São Paulo, Marta diz que, apesar dos resultados da análise, Londrina ainda pode se considerar privilegiada. “Não conheço os lagos de Londrina, mas os índices por aqui são muito piores. Por fotos, vi que existe vegetação em torno deles e isso precisa ser preservado. O despejo de matéria orgânica precisa ser resolvido.” Marta afirma que a qualidade dos lagos londrinenses pode ser facilmente restabelecida. “Londrina precisa aprender com os erros de outros grandes centros, antes de chegar a uma situação irreversível.”

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