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| Foto: João Vilnei/Correio do Povo

22 pessoas

seguem internadas em decorrência de ferimentos provocados pela tragédia que matou 239 pessoas na Boate Kiss, em Santa Maria, há um mês. Segundo informações do Ministério da Saúde, três desses pacientes permanecem em unidades de terapia intensiva e necessitam de ventilação mecânica. O Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Santa Maria continua funcionando 24 horas para acolher as pessoas que apresentem sintomas de depressão, traumas ou outros problemas psicológicos decorrentes da tragédia.

Os primeiros laudos oficiais sobre as causas das mortes na boate Kiss apontam para asfixia por cianeto, gás altamente tóxico liberado pela queima da espuma de poliuretano que havia sido instalada como isolamento acústico no teto do estabelecimento. Os resultados práticos do trabalho da perícia foram informados à polícia nesta terça-feira, em reunião em Porto Alegre.

Os laudos que estão sendo produzidos pelo Instituto Geral de Perícias (IGP) são fundamentais para a conclusão do inquérito, já que podem provar cientificamente a tese da polícia de que houve homicídio qualificado doloso (em que a pessoa assume o risco por sua atitude, mesmo sabendo que a conduta pode resultar em morte) por asfixia. Os primeiros resultados foram repassados informalmente pelo IGP aos delegados que investigam o caso.

"Nas primeiras amostras a que já tivemos acesso, o elemento químico aparece claramente", disse o delegado Sandro Meinerz, que comanda as investigações. Os laudos do IGP se baseiam nas amostras de sangue e de urina colhidas de todas as 239 vítimas do incêndio. Depois de confirmada a causa das mortes, médicos legistas do IGP precisam ainda elaborar uma necropsia para cada morte ocorrida na tragédia.

Atraso

Meinerz disse que a reunião com os técnicos e com a cúpula do IGP tranquilizou os investigadores. Segundo ele, não há prazo para que os laudos e as necropsias sejam entregues oficialmente, o que vai impedir a conclusão do inquérito no prazo legal do dia 3 de março. A demora se justifica pelo volume de amostras que estão sendo processadas.

O delegado Marcelo Ari­­go­­ny, que coordena o grupo de investigadores, disse que espera os laudos do IGP "talvez num prazo de 10 a 15 dias". Arigony reforçou que a tese de homicídio qualificado será confirmada pelo inquérito. "Tudo o que falamos no segundo ou no terceiro dia de investigações está sendo confirmado a cada novo depoimento ou laudo", disse.

A polícia também estuda se ingressa ou não na Justiça com um pedido de prisão preventiva para os quatro suspeitos do crime que estão detidos desde o dia 27 de janeiro. O período de prisão provisória dos suspeitos termina na noite do próximo domingo. Segundo o delegado Sandro Meinerz, o pedido de prisão preventiva antes do término do inquérito ficaria limitado a no máximo dez dias, de acordo com o Código Penal, o que talvez seja insuficiente para a conclusão do inquérito.

Homenagem tem 15 minutos de barulho

As homenagens às vítimas do incêndio da boate Kiss, ocorrido há um mês, começaram cedo ontem em Santa Maria. A tragédia causou a morte de 239 pessoas e deixou 145 feridos. Às 8 horas, as palmas das cerca de 600 pessoas que se reuniram na Praça Saldanha Marinho, no centro da cidade, se juntaram às buzinas dos carros e ao som dos sinos das 40 igrejas do município. A ideia inicial era fazer um minuto de barulho pelas vítimas, mas a homenagem se estendeu por 15 minutos.

As atividades foram decididas pela Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria. Segundo o presidente da entidade, Adherbal Alves Ferreira, a homenagem com barulho, ao invés do tradicional minuto de silêncio, é uma forma de não esquecer que as vítimas eram em sua maioria jovens e que estavam na boate para se divertir.

O prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer (PMDB), não compareceu à homenagem. A Defensoria Pública vai entrar com ação civil pública contra a prefeitura e o governo do Rio Grande do Sul para a responsabilização pela tragédia por causa da falta de fiscalização na boate.

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