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Fuga: Rodrigo Rahmeier, de Foz do Iguaçu, atravessa a fronteira com o Paraguai para frequentar bares sem precisar deixar de fumar | Christian Rizzi/Gazeta do Povo
Fuga: Rodrigo Rahmeier, de Foz do Iguaçu, atravessa a fronteira com o Paraguai para frequentar bares sem precisar deixar de fumar| Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo

Conheça a lei

Em vigor desde o dia 29 de novembro de 2009, a lei antifumo paranaense estabelece que fica proibido o uso de qualquer produto derivado do tabaco em vários locais:

Proibições

A lei não permite fumo em:

> Local de uso coletivo – total ou parcialmente fechado. Exceções: locais de culto religioso, de tratamento de pacientes autorizados a fumar pelo médico, residências, vias públicas e locais próprios para consumo (tabacaria).

> Veículos públicos ou privados de transporte coletivo.

Responsabilidade

Cabe ao dono do estabelecimento:

> Não dispor cinzeiros, caixas de areia, isqueiros e afins.

> Afixar avisos de NÃO FUMAR em local visível.

> Orientar funcionários a não fumar e informar os clientes sobre a proibição.

> Comunicar a Polícia Militar quando necessitar de auxílio para retirar clientes do estabelecimento.

Fiscalização

Cabe às vigilâncias sanitárias estadual e municipal:

> Realizar inspeção nos locais de abrangência da lei.

> Ao detectar infração, lavrar Termo de Intimação, determinando que o estabelecimento tome medidas para o cumprimento da lei, lavrar Auto de Infração e multa de 100 unidades Padrão Fiscal (equivalente a R$ 6.070), que pode dobrar em caso de reincidência.

Fonte: Sesa-Pr

STF ainda analisa legalidade

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) têm nas mãos pelo menos quatro Ações Diretas de Inconstitucionalidade apresentadas por entidades representativas de vários setores da economia contestando as leis antifumo de três estados: Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.

Leia a matéria completa

Sudeste: SP adota rigor e tem 405 multas

O controle intenso é apontado como um dos responsáveis pelo respeito à lei estadual antifumo em vigor em São Paulo desde o dia 7 de agosto do ano passado. Nos três primeiros meses foram realizadas 110.197 ações de fiscalização na capital e no interior – mais de 1,2 mil por dia –, que resultaram em 405 multas. "Nosso planejamento sempre foi para uma ação contínua. Com a fiscalização e a colaboração da população, principal beneficiada, podemos afirmar que a lei não apenas pegou como veio para ficar", diz a diretora estadual da Vigilância Sanitária, Cristina Megid.

Entre os benefícios da nova lei destaca-se a melhoria da qualidade do ar e o consequente ganho na qualidade de vida das pessoas. Uma pesquisa realizada pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor) e pela Vigilância Sanitária mostra que, em quatro meses, a concentração de monóxido de carbono, um dos principais componentes da fumaça do cigarro, caiu de 5 partes por milhão (ppm) para 1 ppm. Garçons que participaram do levantamento também puderam perceber os benefícios.

No mesmo período, a média de monóxido no ar expelido caiu de 7 para 3 ppm.

Fabiula Wurmeister, da sucursal

82% dos fumantes têm problemas de saúde

Rio de Janeiro - Os fumantes brasileiros estão preocupados com a saúde e 82% deles já sofreram com problemas relacionados ao tabaco. E mais: 65% são a favor das leis de proibição total ao fumo em ambientes fechados. Entre os não fumantes, essa aprovação sobe para 80% dos entrevistados. Os dados fazem parte da pesquisa do International Tobacco Control, que avalia em 20 países o impacto das políticas públicas implementadas pelos governos.

O estudo foi divulgado ontem pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), na véspera da votação, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, do projeto de lei que proíbe o fumo em ambientes fechados em todo o território nacional. Entre os 20 países que participam do trabalho foi no Brasil que os pesquisadores encontraram o maior índice de arrependimento. Entre os fumantes entrevistados, 91% preferiam não ter experimentado o cigarro.

Agência Estado

Foz do Iguaçu - A lei paranaense antifumo completou nesta semana cem dias em vigor com boa adesão – e com poucas punições. Entre as principais cidades do estado, apenas Curitiba registrou multas contra estabelecimentos comerciais e casas noturnas que desrespeitaram a proibição de fumo em ambientes fechados. A pequena quantidade de punições se deve a dois fatores. Primeiro, ao que tudo indica os fumantes resolveram respeitar a lei por si próprios. Por outro lado, a fiscalização é mais frágil do que se desejaria.

Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) mostra que até o início de fevereiro haviam sido feitas mais de 12,3 mil inspeções em todo o Paraná. No mesmo período, foram aplicados 65 autos de infração. Desses, 24 evoluíram para multas, todos na capital. Também em fevereiro, numa punição mais grave, cinco estabelecimentos tiveram de fechar as portas por 48 horas. No mesmo período, regionais como as de Pato Branco e Paranaguá fizeram em média cerca de mil inspeções. Mas ninguém foi multado.

Fiscalização falha

A dificuldade em fiscalizar mais de perto o cumprimento da lei antifumo estaria no pequeno número de técnicos que a Vigi­lância Sanitária pode deslocar para a atividade. "Estamos trabalhando, mas ainda não contabilizamos nenhuma infração. Por causa da gripe A e da dengue não temos tempo para correr atrás disso", admitiu o diretor da Vigilância Sanitária de Londrina, João Martins.

Mesmo com algumas irregularidades, o diretor disse que a incidência de pessoas que fumam em ambientes fechados diminuiu em 90% – sinal de que a lei está sendo respeitada. "Nesses locais (bares e restaurantes), a lei pegou bem, mas ainda vamos fazer um mutirão em locais mais necessários, como terminais de ônibus", disse o diretor. Para Martins, o artigo da lei que pede ampla divulgação antes da punição não foi totalmente cumprido. "Queremos divulgar ainda mais", diz.

O presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Lon­drina, Arnaldo Falanca, reclama da falta de fiscalização. "Não estamos sentindo que o controle esteja sendo feito e, se não houver controle de forma severa, a lei pode não pegar". Segundo Falan­ca, por causa disso ainda é possível ver pessoas fumando onde snão deveriam.

A falta de controle sobre o cumprimento das leis interfere de forma direta na eficácia das regras e, consequentemente, sobre o respeito a tais regras. De acordo com o especialista em Direito Constitu­cional Augusto Nencini, independentemente do teor de uma lei, se não houver fiscalização serão menores as chances de ela ser seguida à risca, em especial quando prevê sanções como multa ou prisão. "A eficácia da lei está ligada ao seu controle, seja por parte dos órgãos responsáveis ou pela própria população."

Interior

Frequentador de bares e restaurantes de Foz do Iguaçu, o guia de turismo e estudante de Psicologia Rodrigo Rahmeier, fumante há 15 anos, não concorda com o rigor da lei e, para evitar o desconforto de ter de fumar na calçada, tem procurado estabelecimentos do outro lado da fronteira. "No Paraguai e na Argentina não tem esse controle todo nos bares. Lá meus amigos e eu nos sentimos mais à vontade." Segundo ele, a prática vem au­­mentando entre os moradores da fronteira.

Em Campo Mourão, no Centro-Oeste do estado, as duas notificações pelo uso de tabaco em local fechado de uso coletivo foram motivadas por denúncias feitas por sócios de clubes de recreação à Vigilância Sanitária. Em 100 dias, foram realizadas cerca de mil inspeções. Segundo o chefe do departamento, Márcio Alencar, o município optou primeiro por conscientizar a população, por meio de panfletagem. Até que a divulgação termine, as multas serão aplicadas apenas em casos reincidentes.

Já em Ponta Grossa foram feitas 500 fiscalizações, mas não houve nenhuma multa ou interdição. "As pessoas estão bem conscientes", afirma o coordenador do serviço, Joselito Pinheiro da Costa Junior. O gerente de um bar, Sebastião Ademir Maciel, confirma. "Não tive problemas, todos estão respeitando."

Nos primeiros fins de semana, uma equipe da Vigilância Sanitária percorria as casas noturnas para identificar irregularidades. Mas agora, conforme relata Costa Junior, como a equipe é pequena, só atua se houver denúncias ou durante as fiscalizações de rotina do departamento.

Pioneira na lei de restrição ao cigarro em bares e restaurantes, Maringá conta com lei municipal antifumo desde 2006. Como já existia a proibição, inclusive dos fumódromos, o consumidor e o comerciante maringaense já estavam habituados às regras, avalia a gerente de Vigilância Sanitária local, Dora Ligia Bombo. "A lei estadual veio para ajudar a manter os ambientes livres de fumaça, pois ela é mais restritiva que a lei municipal, com penalidades mais altas", observou.

Colaboraram: Fábio Luporini, Jornal de Londrina; Carlos Eduardo Kadu, correspondente em Campo Mourão; Maria Gizele da Silva, da sucursal de Ponta Grossa; e Hélio Strassacapa, Jornal de Maringá On-line

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Interatividade

A lei antifumo continuará sendo seguida mesmo se a fiscalização for frouxa no estado?

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