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O Código de Posturas de 1919 – documento que regula usos e hábitos da cidade – reprimia a construção de casas de madeira na área central de Curitiba. Nem sempre a norma era respeitada, mas explica a grande incidência de residências antigas, nesse material, em bairros hoje próximos, mas que um dia foram periferia. As reservas se estendem até os anos 50. "Os códigos entendem que as casas de madeira não eram boas para a imagem da capital", explica o historiador e arquiteto Irã Taborda Dudeque, do curso de Arquitetura da PUCPR, autor de Espirais de madeira (uma história da arquitetura de Curitiba, lançado em 2001). "Essa mentalidade só mudou nos anos 60, quando a casa de madeira se tornou símbolo da cidade", comenta o historiador Marcelo Sutil, autor de uma dissertação de mestrado e de uma tese de doutorado sobre arquitetura curitibana no século 20. As restrições legais ajudam a entender a associação imediata entre casa de madeira e rendimentos minguados. Embora tenha reforçado um preconceito, o código trouxe o benefício de prescrever - além do sótão, piso único e duas águas - recuos obrigatórios na frente e nos lados das casas de madeira, favorecendo que se plantasse jardins, hortas, árvores, elementos que vão compor o imaginário das casinhas curitibanas.

Dudeque discorda da associação entre as casas de madeira e a devastação da mata de araucárias. Reza o senso comum que a matéria-prima abundante teria favorecido a indústria da construção. "Caixas de sabão e até cabo de vassoura eram feitos com pinheiro. A indústria do mate fazia embalagens com as árvores. O que se usou nas casas foi insignificante."

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