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Na semana passada, Ler e Pensar promoveu oficina sobre leitura crítica da mídia a professores em Curitiba. | Divulgação
Na semana passada, Ler e Pensar promoveu oficina sobre leitura crítica da mídia a professores em Curitiba.| Foto: Divulgação

Em tempos de inflamação política, a mídia é constantemente questionada sobre a influência que causa em seus leitores. Mas, quando se fala em educação, como os professores devem lidar com as informações provenientes de rádio, televisão e jornais? Paulo Freire, em entrevista cedida a Sérgio Guimarães em Diálogos Sobre Educação, já dizia: “A escola se obriga a deixar de ser um espaço preponderantemente fabricador de memórias repetitivas para ser um espaço comunicante e, portanto, criador. (...)A escola precisa propor aos alunos que produzam suas próprias mensagens utilizando os recursos disponíveis. O ideal seria uma escola sem medo de conviver com eles – os meios de comunicação.”

sala de aula

É preciso abordar três pilares: a educação com a mídia, para a mídia e pela mídia.

O projeto Ler e Pensar defende que a mídia deve ser usada como aliada na formação de estudantes, para que exerçam plenamente sua cidadania. Mas como?

No fim do século XIX, surgiram as primeiras teorias da comunicação. Na época em que os poucos meios existentes estavam a serviço do Estado, a ausência de liberdade de expressão refletia conflitos ideológicos e cenários de guerra. Adorno e Horkheimer foram autores expressivos da Escola de Frankfurt, geradora de ideias como a manipulação e a alienação provocadas pela mídia. Conceitos que só foram quebrados com o surgimento da teoria das mediações culturais, com o antropólogo colombiano Jésus Martín-Barbero. O autor inverteu a pergunta o que a mídia faz com as pessoas para o que fazem as pessoas com as mensagens propagadas pela mídia. Barbero foi alvo de críticas por atribuir a responsabilidade ao sujeito, que é impactado pelas informações. No entanto, sabe-se hoje que o encargo não paira nem sobre os meios, nem sobre os receptores: tudo depende do contexto sociocultural e dos condicionantes dessa transmissão.

Na escola, o processo é o mesmo: cada aluno aprende e interpreta os conteúdos em função de aspectos socioculturais e suas características próprias. O Ler e Pensar tem como fundamento a educomunicação, área de estudo liderada por Ismar Soares, professor da USP.

O projeto defende que, para se trabalhar a mídia em sala de aula como formação de cidadãos críticos e atuantes em seu meio, é preciso abordar três pilares: a educação com a mídia, para a mídia e pela mídia. O primeiro pilar, com a mídia, prevê o uso dos meios de comunicação como recurso didático, para ensinar conteúdos escolares. O segundo, educação para a mídia, é uma preparação para que alunos façam uma leitura crítica do que é veiculado, ou seja, conhecer os meios, linhas editoriais e formas de produção. Já a educação pela mídia prevê a atuação dos alunos como protagonistas por um canal de expressão: jornal falado, rádio ou vídeo escolar.

Dessa maneira, entender os veículos, estimular o estudante à autoria e utilizar debates atuais nas mais diversas disciplinas são práticas enriquecedoras e que contribuem ao exercício pleno da cidadania.

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