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O estoque pesqueiro do rio Paraná e afluentes corre o risco de sofrer redução drástica nos próximos anos em função da liberação da pesca, a partir deste sábado (1º) sem a completa desova dos peixes, conforme constatou uma pesquisa de campo da Universidade Estadual de Maringá (UEM) feita entre os dias 23 e 27 de fevereiro de 2014 na região de Porto Rico, no Noroeste do Paraná.

No trabalho realizado por professores, biólogos e mestrandos do programa de pós-graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais - do núcleo de pesquisa Nupélia da UEM - foi apurado nas espécies pesquisadas que ainda não houve a desova em 76% delas. Baseados no estudo, pesquisadores e biólogos pediram ao Instituto do Meio Ambiente (Ibama) a prorrogação da proibição da pesca em toda a bacia do rio Paraná por mais 30 dias, o que não havia sido atendido até esta sexta-feira (28). A mesma medida foi pleiteada ao instituto por organismos de São Paulo e Minas Gerais, por o rio passa, igualmente sem sucesso.

Segundo o biólogo Erick Caldas Xavier, chefe da Área de Proteção Ambiental (APA) das ilhas e várzeas do rio Paraná, a falta de cheias no rio e o clima quente na região entre dezembro, janeiro e fevereiro passados retardaram a desova dos peixes. "Seriam necessários mais uns 20 dias para isso ocorrer". E sem filhotes nos rios, a tendência é de queda na produção pesqueira nos próximos anos, porém o percentual dessa quebra ainda não foi calculado.

O diretor do Parque Nacional de Ilha Grande, na divisa do Paraná com o Mato Grosso do Sul, Romano Pulzato Neto, diz que os pescadores precisam ser conscientes para não retirar do rio grandes quantidades de peixes. "Isso é essencial para manter o estoque pesqueiro no 'Paranazão' por muito tempo".

O problema é que o fim da piracema coincide com o feriadão de carnaval. O pescador profissional Edson Lucena, de Porto Camargo, disse por telefone que nesta sexta já havia congestionamento no porto. "Nunca vi tanto barcos, lanchas e pescadores por aqui", comentou. Ele acha difícil prorrogar a piracema agora. "Isso ai as autoridades deveriam ter discutido e determinado há mais de uma semana para dar tempo de avisar aos pescadores", disse.

No Paraná

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente confirmou que nem todas as espécies desovaram, mas adiantou que estudo interno mostrou que foi uma minoria. Por isso, a pesca nos rios estaduais foi liberada a zero hora de hoje. Mas alertou que a fiscalização está atenta para flagrar quem infringir as normas que definem o tamanho e as espécies que podem ser fisgadas.

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