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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Ponta Grossa – Quando perguntados pela professora se a aranha é um inseto, os alunos respondem em uníssono que não, já que ela tem quatro e não três pares de patas. As crianças ainda completam a resposta, sob incentivo da professora, dizendo que as joaninhas não têm asas coloridas, mas "élitros", que protegem as asas frágeis do – este sim – inseto.

Eles não são estudantes de ensino médio, nem se preparam para o vestibular. São crianças do Jardim III, do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Santa Isabel, em Ponta Grossa, alunas da professora Rosimere Dobrowolski, uma das paranaenses a receber hoje o prêmio "Professores do Brasil", dado pelo Ministério da Educação para projetos pedagógicos de destaque na Educação Infantil.

Nesta edição do prêmio, foram inscritas 584 experiências pedagógicas na área de Educação Infantil, das quais apenas dez foram selecionados para a premiação. Rosimere foi contemplada com o projeto "Pequenos Pesquisadores, Grandes Descobertas".

"Durante um passeio no pátio um dos alunos achou um inseto e queria saber que inseto era aquele, se era perigoso ou não. Isso despertou a curiosidade das outras crianças", conta Rosimere, que começou a levar para a sala de aula livros e revistas sobre insetos, além de música, teatro, literatura e passeios ao jardim para observação dos bichos.

Os alunos começaram a trazer insetos que achavam mortos para a sala e pesquisar nos livros que animais eram aqueles, se eram perigosos ou transmitiam doenças. "Eles foram descobrindo o mundo com suas próprias mãos, unindo o prazer com a curiosidade", afirma a professora, que estabeleceu um pacto com seus alunos de não mexer em animais vivos sem sua presença, já que poderiam ser peçonhentos.

Cantinho da dengue

No auge do projeto, no início do ano, diversos casos de dengue começaram a surgir na imprensa, provocando novamente a curiosidade dos pequenos. Em um trabalho coletivo e após alguns dias de pesquisa, os alunos de Rosimere produziram panfletos e cartazes sobre o mosquito transmissor da dengue e distribuíram no bairro.

"Montamos o cantinho da dengue, com os cartazes e fotos dos mosquitos para que as crianças aprendessem e reproduzissem isso em casa, na vizinhança", comenta a educadora.

Ensinar Biologia para 23 crianças de 5 a 6 anos foi uma grande aposta, na opinião da professora. "Alguns professores acham que crianças pequenas não conseguem aprender Ciências, mas a experiência teve frutos significativos por aqui", afirma.

Os alunos confirmam o aprendizado. Segundo Leandro Alves do Santos, 6, agora ele já sabe quais insetos são perigosos para o homem e quais não são."Tem até um inseto que cheira mal, pode chamar ele de ‘fede-fede’, porque ele solta mau cheiro pra se livrar de quem quer comer ele", conta o aluno, mostrando a figura de um percevejo em um dos muitos livros de pesquisa da sala de aula.

O resultado das pesquisas foi compilado em um livreto que cada aluno levou para casa um dia, para ler com seus pais. Além do livreto, um insetário com exemplares de diversos animais ficou em exposição na escola.

Rosimere Dobrowolski deve receber os R$ 5 mil de prêmio hoje em Brasília, onde ainda participará do II Seminário Professores do Brasil. Outra paranaense a ser premiada nesta edição do prêmio foi a professora Sandra Cristina Vogel Rissi, de Arapongas, no Norte do estado, premiada na categoria Ensino Fundamental.

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