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 | Walter Fernandes
| Foto: Walter Fernandes

Educação

Adultos também estão entre os leitores dos quadrinhos desenhados por paranaense

Além de aproximar as crianças de temas pouco comuns às suas rotinas, a linguagem dos quadrinhos também é usada para educar adultos. Para o cartunista Marcos Vaz, isso é possível graças à linguagem dos cartuns, que tem a vantagem de transformar qualquer assunto em um conteúdo simples e acessível. "O segredo é conseguir falar muita coisa com poucos recursos", ensina.

Alguns assuntos, porém, requerem um cuidado maior, com pesquisas e consultas detalhadas. Vaz conta que o processo de produção começa com a entrega do briefing – informações e dados entregues pelo solicitante do produto – e, a partir daí, são desenvolvidos os gibis e cartilhas educativas.

Produtos

Entre os produtos destinados a adultos estão: a Cartilha da Justiça, produzida pela Associação dos Magistrados Brasileiros; Cartilha do Trabalhador, da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Adoção, produzido pela Vara da Infância e da Juventude; Cartilha da Justiça, da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e Cartilha do Direito Internacional do Trabalho, publicada em quatro idiomas – português, espanhol, inglês e francês – pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Anamatra.

O cartunista defende que, tanto para adultos quanto para crianças, o quadrinho pode despertar o hábito da leitura e evoluir para estruturas literárias mais profundas. "Não tenho dúvidas de que a pessoa que aprende a gostar de ler, seja da maneira que for, vai buscar naturalmente outros meios de conhecimento. Por isso, mais uma vez, o gibi é educativo."

Assuntos densos como Jus­tiça, Cidadania, Segurança e Direito do Trabalho ganham um ar leve nas mãos do cartunista paranaense Marcos Vaz. Com mais de 20 milhões de exemplares publicados entre gibis e jornaizinhos educativos, o cartunista acumula em seu currículo personagens de prestígio como o Umuaraminha, Curitibinha e Brasilzinho.

Nascido em Tamboara, mas criado em Umuarama (no Noroeste do Paraná), Vaz criou seu primeiro personagem de sucesso aos 15 anos. O Umuaraminha, indiozinho em homenagem à tribo Xetá, que viveu na região, foi o primeiro personagem em quadrinhos a se tornar símbolo oficial de um município brasileiro.

Defensor do Meio Am­biente, o Umuaraminha inspirou outros mascotes que têm em comum, além dos traços arredondados de Vaz, o dever de levar mensagens educativas para adultos e crianças. "Acredito que os governos perceberam que a história em quadrinhos é capaz de humanizar e aproximar do leitor assuntos que parecem distantes e difíceis." Tanto que, no início dos anos 1990, campanhas educativas em formas de gibis se tornaram muito populares.

A linguagem do cartum foi amplamente usada pela prefeitura de Curitiba entre os anos de 1994 e 2010, por exemplo. Nesse período, cerca de 1 milhão de exemplares de gibis e jornais educativos, protagonizados pelo Curitibinha, chegaram aos alunos da rede pública e particular da capital. Para a criação do personagem de cabelos verdes em forma de folha, Vaz conta que se inspirou na imagem da cidade ecológica, que tornou Curitiba conhecida no mundo todo.

O formato deu tão certo que uma das cartilhas do Curitibinha, dedicada à alimentação saudável, foi considerada uma das 10 melhores experiências nutricionais brasileiras pela Mostra de Experiências Bem-Sucedidas em Nutrição, promovida pelo Ministério da Saúde, em 2005. Mesmo com o reconhecimento nacional, o personagem ficou "aposentado" por 13 anos, mas deverá ser retomado em campanhas educativas no início de 2014.

Para Vaz, a melhor gratificação é a reação das crianças. "Acho bonito quando vejo que uma criança sabe sobre um determinado assunto porque aprendeu com um material meu." Entre as experiências mais recentes, está o projeto Procon Júnior, criado para levar às crianças da rede municipal de ensino de Umuarama informações sobre os direitos e deveres dos consumidores. "Vi uma criança falar que se comprar um brinquedo com defeito, ela pode ir à loja reclamar e pedir para trocar. É muito bacana assistir a essa conscientização sendo construída", afirma o cartunista.

Quadrinhos surgiram antes da escrita na vida de Vaz

Marcos Vaz começou a criar histórias em quadrinhos aos seis anos, antes mesmo de ser alfabetizado. O primeiro personagem criado foi "Brilhante" inspirado em um amigo extremamente inteligente. Segundo o cartunista, o garoto chamava sua atenção pela sabedoria nas mais diferentes áreas. "Na época eu até queria me sair melhor do que ele em alguma coisa, mas não dava. O cara era incrível", relembra.

Em seguida, vieram outros personagens inspirados em mais colegas da infância que deram origem à "Turma do Brilhante". É desta época e desta turma também, o Umuaraminha, criado com base em histórias dos primeiros habitantes de Umuarama contadas pela professora primária Judith Barbisan. Vaz lembra que os desenhos chamaram a atenção da professora, que buscou reconhecimento junto às lideranças locais para o talento do garoto Marcos Vaz. "Do mesmo jeito que ela identificou e acreditou no meu sonho de desenhar, eu busco identificar e acreditar nos sonhos das crianças", diz o cartunista.

Após se tornar símbolo oficial do município, em 1990, o Umuaraminha ganhou também o apadrinhamento de um dos cartunistas mais admirados do Brasil, Maurício de Souza. O criador da Turma da Mônica foi vencido por Marcos Vaz anos depois na produção da Cartilha da Justiça, solicitada pela Associação dos Magistrados Brasileiros. "É claro que só aconteceu essa disputa porque o meu trabalho tinha qualidade para disputar com o Maurício de Souza. Venci porque em uma escolha de órgãos públicos vence quem tem o preço menor e o meu, com certeza, deveria ser infinitamente menor, né?", diz, com bom humor.

Marcos Vaz conta que além de ajudar na educação de adultos e crianças, sente orgulho em incentivar colegas de profissão. O mais novo cartunista de sua equipe, Hugo Larsen, era irmão de um amigo de infância de Vaz e estava no lançamento do símbolo oficial da cidade do Noroeste do estado, em 1990. "Ele se profissionalizou porque viu com o meu trabalho que era possível. É muito gratificante inspirar e transformar a vida das pessoas, " resume.

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