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Cascavel – O líder nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile, decidiu engrossar o coro dos que querem mudança na política econômica no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O atual modelo prioriza o agronegócio em prejuízo da reforma agrária. Sem mudança não há reforma agrária no país", disse Stédille, que participou da 1.ª Jornada da Educação na Reforma Agrária, em Cascavel.

Stédile disse que o governo Lula priorizou o agronegócio em seu primeiro mandato sob influência de forças conservadoras contrárias à reforma agrária no Brasil. "O agronegócio é a antítese da reforma agrária porque prioriza a exportação e beneficia apenas as multinacionais que comercializam os produtos agrícolas. Já a reforma agrária é a fixação do homem do campo, a distribuição de renda e o combate à pobreza no campo", destaca Stédile.

Mobilização

Ele afirmou que o MST vai mobilizar a sociedade, a partir do próximo ano, para discutir o projeto de mudança econômica no segundo mandato do presidente Lula. "A mudança vai viabilizar a reforma agrária no país", atestou Stédile. Para ele, a reforma agrária está longe de ser alcançada em razão do ritmo das desapropriações de terras feitas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

A meta do Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA) prevê o assentamento de 420 mil famílias no primeiro mandato do governo Lula. Pelos cálculos do MST o projeto beneficiou até agora 180 mil famílias, ou seja, 42% da meta projetada pelo governo. O número é bem menor se comparado com os dados divulgados recentemente pelo Incra, que indicam o assentamento de 380 mil famílias no primeiro ano do mandato do presidente Lula. Para o líder do MST, os dados são inflados.

"Mais da metade das novas famílias assentadas pelo Incra, na verdade, substituiu outras que abandonaram os projetos de reforma agrária, principalmente no Norte do Brasil", argumenta. De acordo com o MST, cerca de 140 mil famílias vivem em acampamentos no país. No Paraná, são cerca de oito mil distribuídas em mais de 70 acampamentos.

Ocupações

Para o próximo ano, o MST deverá intensificar as ações em todo o território brasileiro. "Vamos continuar ocupando as terras e vamos fazer o máximo que puder em todo o país. A ocupação sempre vai existir enquanto houver latifúndio e terra improdutiva", avisou Stédile.

Stédille também defendeu a neutralidade do movimento em relação aos governos federal, estaduais e municipais, apesar da maioria da militância estar ligada aos partidos de esquerda, principalmente o PT. "Os movimentos sociais têm o compromisso de organizar os pobres, por isso não pode se comprometer com nenhuma sigla partidária", disse. No Paraná, o líder do MST elogiou a iniciativa do governador Requião de desapropriar o campo experimental da multinacional Syngenta, em Santa Tereza do Oeste, em benefício da Via Campesina.

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