Líder dos controladores diz que sindicância não é confiável

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Brasília – A decisão do Comando da Aeronáutica de investigar se houve sabotagem na pane ocorrida no Cindacta-4, em Manaus, na sexta-feira à noite, revoltou os controladores de tráfego aéreo.

Para o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Proteção ao Vôo, Jorge Botelho, "isso é pra fazer terrorismo". A reação ocorreu pouco depois de a Aeronáutica anunciar que abriu uma sindicância para analisar o caso, ontem à tarde.

"Causa revolta uma atitude dessa. Toda vez que houver um problema, vão acusar os controladores", disse Botelho.

"Por que eles sempre vêm acusando, sempre vêm com essa?" Na opinião dele, pode ocorrer "sabotagem na investigação". "Também podemos levantar essa possibilidade. Quem vai confiar que vão divulgar a verdade?"

Botelho diz acreditar que a Aeronáutica pode, inclusive, "forjar provas" se quiser colocar a culpa nos controladores.

O presidente do sindicato diz duvidar da lisura da investigação. Se o controle de tráfego aéreo estivesse sob administração civil e não militar, avalia ele, haveria espaço para uma comissão de servidores acompanhar a investigação. "É preciso chamar alguém independente para investigar", sugere.

O Comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Juniti Saito, acompanhou ontem o início das investigações em Manaus. No início da noite, o Comando da Aeronáutica negou que tenha sugerido o envolvimento dos controladores de vôo na pane do Cindacta-4. De acordo com a assessoria de imprensa da Aeronáutica, todas as possibilidades devem serão consideradas: sabotagem, falha nos equipamentos e falha nos procedimentos.

CPI

Integrantes da oposição na CPI do Apagão Aéreo da Câmara vão propor esta semana investigações sobre a pane na comunicação e nos radares do Cindacta-4. O deputado Gustavo Fruet (PSDB- PR) disse que vai apresentar requerimento de informações à CPI para que a Aeronáutica explique o que provocou a pane.

"Claro que temos que investigar se houve sabotagem. Se não houve (a pane), é tão grave quanto", afirmou.