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Londres – O ministro do Meio Ambiente da Grã-Bretanha, David Miliband, virou notícia no Brasil no final do ano passado depois que a imprensa inglesa informou que ele seria defensor de um plano de internacionalização da Amazônia. Diante da repercussão mundial, ele se viu obrigado a enviar uma nota ao governo brasileiro desmentindo toda a história.

Miliband, na realidade, tem idéias melhores para o planeta. Há duas semanas apresentou um projeto de lei que obriga a Grã-Bretanha a reduzir em 60% até 2050 suas emissões de gases do efeito estufa, os responsáveis pelo aquecimento do planeta. Pelo texto, os governantes podem ser processados se não cumprirem as metas ao longo dos anos. Confira a entrevista:

Por que o governo britânico quer uma meta tão ousada na redução da emissão de gases-estufa?Por duas razões. Em primeiro lugar, porque é economicamente vantajoso termos um estilo de vida e tecnologias que emitam pouco carbono. Depois, porque a mudança do clima é um problema mundial. É essencial que os países ricos, responsáveis pela maior parte das emissões de gases nos últimos 150 anos, assumam a liderança.

Como a Grã-Bretanha pretende alcançar a meta?Em primeiro lugar, aumentando o uso de energia elétrica renovável. Atualmente, apenas 4% da nossa energia é renovável. Dependemos, em grande escala, do carvão e do gás, além de termos a energia nuclear. Em segundo lugar, com uma melhor regulação dos sistemas de aquecimento das casas e dos prédios, para diminuir o consumo de energia. Em terceiro lugar, reduzindo os gases-estufa emitidos pelos carros. Queremos fazer mais ou menos como o Brasil, que há 25 ou 30 anos começou a fabricar carros a álcool.

Como o senhor reage à posição americana sobre o aquecimento global?Não existe uma única posição americana. Há Estados e cidades que estão aderindo ao Proocolo de Kyoto (compromisso internacional de redução de gases-estufa). O que ocorre é que os senadores se recusaram a ratificar o protocolo, e o governo federal tem a mesma opinião. Seria muito importante se os Estados Unidos participassem dessa luta, já que é de lá que vem boa parte do carbono. Não podemos resolver esse problema sem os EUA.

Se os EUA não participarem, o problema nunca será resolvido?Os Estados Unidos farão, sim, parte da luta. Não é uma questão de "se", mas apenas de "quando".

Deveria também haver metas de redução para os países em desenvolvimento?Sim, mas não as mesmas metas dos países ricos. É preciso que existam responsabilidades comuns, mas diferenciadas. Comuns porque todos nós temos de fazer alguma coisa contra o aquecimento global, mas diferenciadas porque os países ricos têm de fazer muito mais.

A imprensa informou que o sr. queria um plano de privatização da Amazônia...Este governo jamais sugeriu que a comunidade internacional deveria tirar o poder do Brasil. A Amazônia é uma parte significativa da cultura brasileira. A liderança do Brasil e dos estados brasileiros na Amazônia é sacrossanta, vem sempre em primeiro lugar. O que dissemos é que queremos trabalhar com o Brasil para que os recursos da parte rica do mundo ajudem no desenvolvimento sustentável organizado pelo governo brasileiro.

O Brasil consegue conservar a Amazônia sozinho?As autoridades brasileiras conseguiram reduzir em 50% o desmatamento, o que é um feito e tanto.

Como o Reino Unido está ajudando o Brasil?Estamos trabalhando com o governo brasileiro nas negociações internacionais, tentando fazer com que a floresta tenha um lugar apropriado no mercado financeiro internacional.

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