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Uso correto dos antibióticos está entra os cuidados para evitar o surgimento de bactérias resistentes às substâncias | Marcelo Elias/ 
Gazeta do Povo
Uso correto dos antibióticos está entra os cuidados para evitar o surgimento de bactérias resistentes às substâncias| Foto: Marcelo Elias/ Gazeta do Povo

Consideradas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma ameaça mundial, as superbactérias estão vinculadas a uma alta taxa de mortalidade que está deixando em alerta infectologistas de todo o Brasil. Em um estudo inédito realizado em Londrina, no Norte do Paraná, verificou-se que 34% de 127 pacientes com infecções graves - e que foram contaminados por micróbios e fungos resistentes a antibióticos e antifúngicos, entre 2011 e 2012 - foram a óbito.

Internadas no Hospital Universitário de Londrina (HU), a maioria das vítimas era do sexo masculino, maior de 60 anos de idade, e foi medicada com desde um único tipo de antibiótico a combinações de várias drogas. O assunto foi abordado durante o I Congresso Sulbrasileiro de Infectologia, realizado na semana passada, em Curitiba.

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A autora do estudo, a consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) Cláudia Carrilho, relata que, durante as pesquisas sobre os tratamentos empregados, notou-se que as superbactérias começaram a apresentar resistência à polimixina - antibiótico usado para combater vários tipos de infecções. Até então, já se sabia que havia resistência aos carbapenêmicos, outra classe de antibióticos, que acabou originando o nome KPC (Kebsiella Resistente a Carbapenêmicos).

“A polimixina era o antibiótico que restou para fazermos o tratamento do paciente. Na época, a resistência era de 20% em Londrina, foi crescendo e, hoje, está em 40%. Temos alguns exames microbiológicos que não tem opção terapêutica, nada”, assinala Cláudia. Segundo a pesquisadora, hoje, caminha-se para uma era chamada de “Pré-Antibiótica”, período no qual as superbactérias se apresentam como o maior desafio dos médicos.

“O índice de mortes é alto porque pega pacientes com muita gravidade, que estão há muito tempo internados e que já usaram vários antibióticos. Isso vai selecionando as bactérias e quando chega nesta situação, tem-se poucas drogas para usar”, pontua a infectologista.

O presidente do Congresso Sulbrasileiro de Infectologia, Clóvis Arns, explica que casos de superbactérias são encontrados com mais facilidade em hospitais de médio e grande porte. Entre as principais infecções causadas estão pneumonia e infecção da corrente sanguínea. O público mais atingido costuma ser composto de pacientes de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e submetidos à quimioterapia para câncer.

Ainda assim, achados de bactérias multirresistentes na comunidade estão começando a levantar apreensão entre os médicos, completa Arns. É o caso de infecções urinárias por ESBL, resistentes a quinolonas. “Isso requer o uso de antibióticos endovenoso, o que só ocorre no hospital e a pessoa, neste caso, não está internada”, pondera o infectologista. Esse tipo de situação causa preocupação para o caso de um posterior tratamento no hospital, por exemplo, ficar comprometido em função da resistência destas bactérias.

Cuidados

Além de medidas de higiene em hospitais, como a lavagem correta das mãos e uso de álcool em gel por visitantes, os cuidados para evitar o surgimento de bactérias resistentes a antibióticos passam pela utilização adequada destes medicamentos. Conforme Arns, é importante que os remédios não sejam prescritos para casos virais e tenham dosagem e duração adequada para cada caso. “Existe, por exemplo, a cistite em mulher jovem, que tem o tratamento com antibióticos de 1 a 3 dias, mas que chega a ter prescrição para uso por 7 a 10 dias”, pontua.

Uma luz no fim do túnel, conforme o médico, surge com a apresentação de dois novos antibióticos que estão em fase de avaliação junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A expectativa é que os medicamentos estejam disponíveis a partir do ano que vem. “Esperamos que essa luz não seja um trem em direção contrária. Se o medicamento for usado excessivamente, também acaba perdendo o efeito contra as superbactérias”, salienta.

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