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Saiba mais sobre as pesquisas com células-tronco |
Saiba mais sobre as pesquisas com células-tronco| Foto:

Com a obtenção da primeira linhagem de células-tronco embrionárias brasileiras, os cientistas já começam a pensar nos próximos passos. Além de não depender mais da importação de material de outros países, a tecnologia elaborada no Brasil permitirá que todas as fases da pesquisa sejam feitas no país. Com essa autonomia, os pesquisadores não terão de se preocupar com gastos referentes à patente e propriedade intelectual, como aconteceria no caso do uso de material produzido em outros países, nem com atraso nas pesquisas por conta da demora nos trâmites de importação. Será possível ainda criar um banco de células com características genéticas da população brasileira. Os cientistas esperam também conseguir produzir outras linhagens a partir de embriões com certas patologias. Com isso, ficará mais fácil saber como as células de pacientes com determinada doença reagem aos tratamentos.

O feito alcançado pelo grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) coloca o Brasil como o primeiro país da América Latina a ter tal tecnologia. Foram necessários dois anos desde a obtenção dos embriões até que a linhagem fosse produzida. No processo, que incluiu 35 tentativas frustradas, foram utilizados 250 embriões doados por clínicas de fertilização in vitro. Todos estavam congelados há mais de três anos, como determina a lei de biossegurança, e foram entregues para pesquisa com autorização dos genitores. O estudo foi coordenado por Lygia da Veiga Pereira, do Instituto de Biociências da USP.

Primeiro passo

Embora o resultado represente um grande passo na pesquisa brasileira, isso não significa que haverá aplicações médicas imediatas. Até hoje, nenhum país conseguiu iniciar estudos clínicos com células-tronco embrionárias em humanos. Nos Estados Unidos, onde a primeira linhagem foi obtida em 1998, dois centros já entraram com pedido ao FDA (órgão que regula produtos alimentícios e farmacêuticos) para fazer pesquisas referentes à diabete e lesões na medula.

A dificuldade dos cientistas ainda está em conseguir manter as células indiferenciadas até o momento certo e descobrir uma forma de fazer com que elas se transformem em determinados tecidos no tempo correto. Sem dominar esse processo, há o risco das células se transformarem em outro tipo de tecido que não seja o que os cientistas procuram ou ainda de se multiplicarem de forma descontrolada. "Até agora nenhum país conseguiu isso, controlar esse processo é o grande desafio dos cientistas", afirma o pesquisador Stevens Rehen, do Instituto de Ciência Biomédicas do Rio de Janeiro, que trabalhou em parceria com a equipe da USP responsável pela produção da linhagem.

Quando as pesquisas alcançarem esse êxito, os cientistas esperam conseguir a cura para uma série de doenças como diabete, doença de Parkinson, Alzheimer e ainda avançar no desenvolvimento de novos fármacos. A criação, em laboratório, de células especializadas permitirá testes mais precisos sobre a eficácia dos medicamentos. "A partir do momento que se consegue fazer com que a célula-tronco se transforme em células de determinado tecido, poderemos testar drogas diretamente em células especializadas e ver como elas respondem", explica Rehen.

Com o estabelecimento da primeira linhagem brasileira, os pesquisadores poderão multiplicá-la indefinidamente e garantir material para os diversos grupos de pesquisa espalhados pelo país. A expectativa é que dentro de um mês a linhagem possa ser enviada a outros laboratórios.

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