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Vista do mar de Caiobá durante a temporada: falta de ligações de esgoto e bueiros entupidos fazem com que água contaminada por bactérias sejam levadas para o oceano | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Vista do mar de Caiobá durante a temporada: falta de ligações de esgoto e bueiros entupidos fazem com que água contaminada por bactérias sejam levadas para o oceano| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo

Praias têm melhora, diz Sanepar

Apesar de a maioria das praias paranaenses não estar própria para banho, uma melhoria na qualidade da água foi registrada nesta temporada, em relação à média da temporada 2007/2008. O Balneário de Flórida, em Matinhos, por exemplo, teve melhora de 92%, segundo a Sanepar. Para ser considerado próprio para banho, o índice tinha que ser de 100%. O parâmetro avaliado é a concentração da bactéria Escherichia coli, estabelecido pela Resolução Conama 274/2000.

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Tira-dúvidas

Confira como é mensurada a balneabilidade e quais os riscos para o banhista que entra no mar quando a água está comprometida:

O que indica o monitoramento?

A presença e a concentração de resíduos de esgoto na água. O indicador é a bactéria Escherichia coli, existente no intestino dos humanos e de outros animais de sangue quente. Quanto maior a quantidade desta bactéria, maior a presença de fezes na água.

Como é feita a classificação?

Um local é próprio para banho se pelo menos 80% das amostras coletadas nas últimas cinco semanas têm menos de 800 Escherichias coli (Ec) por 100ml de amostra e se a última amostra tem até 2000 Ec/100ml.

Por que acontece a contaminação?

Por falta de rede de esgoto ou por não fazerem a ligação correta, proprietários de imóveis ainda lançam seus esgotos diretamente nas galerias de águas pluviais. A contaminação chega às praias através dos rios, canais e galerias de águas pluviais. Além disso, em alguns locais acontece o contrário: faltam bueiros e a água da chuva é jogada no esgoto, causando transbordamento.

Quais são os riscos ao banhista?

As doenças mais comuns são gastrenterite, infecções nos olhos, ouvidos e garganta, e doenças de pele. Doenças mais graves também podem ser transmitidas, como hepatite A, cólera e febre tifoide.

Fonte: IAP

  • Veja quais são as duas grandes causas de contaminação do litoral

Curitiba e Paranaguá - Nem o governo do estado nem as prefeituras do litoral têm um prazo de quando as praias paranaenses estarão próprias para banho. Na última temporada, em média 90% dos 43 pontos de praia analisados pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) estiveram impróprios. Para melhorar a situação, a Sanepar, as prefeituras e os cidadãos precisariam investir mais no próximo ano, antes do início da temporada. É preciso estender a rede de esgoto, aumentar a capacidade de drenagem da chuva e fazer com que todos os proprietários tenham seu esgoto conectado à tubulação da Sanepar.

A Sanepar alega que investiu R$ 180 milhões em melhorias na rede de esgoto do litoral. A diretora de Meio Ambiente e Ação Social da empresa, Maria Arlete Rosa, diz que o problema está agora em os municípios fazerem a drenagem da água da chuva. Hoje, há bueiros entupidos e, em alguns lugares, não há sistema de escoamento. Assim, a água da chuva acaba muitas vezes sendo levada à rede de esgoto, o que pode causar transbordamentos em dias de chuva.

"Passamos a entender que, mesmo tendo ação rigorosa com rede de esgoto, em dias de chuva a água do mar continua comprometida porque estamos diante de outro problema, que é a drenagem", diz Maria Arlete. A diretora explica que o manejo da água da chuva não é atribuição da Sanepar, mas dos municípios.

O secretário de estado do Meio Ambiente, Rasca Rodrigues, diz que as galerias fluviais dos municípios estão entupidas. "Como a Sanepar está aumentando coleta de esgoto, as pessoas estão usando os ramais de coleta como sistema de drenagem", afirma. O secretário explica que a água da chuva que entra no ramal de coleta da Sanepar diminui a eficiência da estação de tratamento. "Esgoto é uma abertura da pia, uma descarga. Já a água contínua prejudica a eficiência."

Municípios

Na outra ponta, as prefeituras negam descaso. Secretários de Matinhos e Guaratuba afirmam que, mesmo com os cofres vazios, estão fazendo sua parte. "Estamos fiscalizando. Inclusive em conjunto com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Sanepar e a Força Verde da Polícia Militar. Quem quiser fazer uma denúncia pode nos procurar que tudo será averiguado", diz o secretário do Meio Ambiente de Matinhos, Sergio Luiz Cioli.

Segundo o secretário, apenas com parcerias poderão ser executadas obras que amenizem a questão da balneabilidade. "Realmente, todas as galerias fluviais estavam entupidas no final do ano passado. Porém, no início do ano foi feito um trabalho emergencial de drenagem. Com o fim da temporada serão realizados os ajustes. Ainda assim, só poderemos executar o processo com um financiamento", afirma.

O secretário de Infraestrutura e Turismo de Guaratuba, Carlos Carvalho, diz que seu município passa pelos mesmos problemas, mas nega a falta de fiscalização. "O grande problema é a limpeza das valetas. Inclusive, estamos trabalhando em conjunto com a Sanepar para discutir alternativas e lançar desafios para a balneabilidade", diz.

Em Pontal do Paraná, o prefeito Rudisney Gimenes contesta que o município não tenha feito sua parte. E ressalta a falta de uma rede de esgoto maior no município. "Foi apenas no final de 2008 que 25% dos imóveis da cidade passaram a ser atendidos. Antes, era tudo fossa. E a prefeitura sempre fez o que pôde para fiscalizar", diz. O índice de cobertura divulgado pela Sanepar é ainda menor, de 18,3%. Gimenes afirma que a prefeitura aguarda auxílio do estado para a realização da drenagem nos canais do Olho D´água, Moitinha, Grajaú e Barrancos.

Esgoto

Rasca Rodrigues afirma que o principal desafio é que todas as residências estejam ligadas nas redes disponíveis de esgoto e cita como exemplo Guaratuba. O município tem uma rede de esgoto disponível de 52,5% e a maioria dos imóveis está ligada a ela. O próprio secretário confirma que a rede tem que ser ampliada, mas diz que os números atuais são um avanço. Matinhos tem uma rede disponível de 47,6% e Guaraqueçaba, de 100%.

Outro desafio é implantar exigência da fossa séptica adequada. Em 95% dos casos as instalações não estão de acordo com a legislação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), de acordo com Rasca. Ele explica que o problema é que a fossa séptica é instalada conforme o número de moradores da casa e não de acordo com a quantidade de pessoas que a residência irá receber no verão. "Se o estado tem que fazer investimento para suprir a necessidade do pico do verão no fornecimento de água, o morador tem que fazer investimento não em função da família que ocupa imóvel, mas do pico que recebe na casa durante a temporada", diz.

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