Não perguntem ao publicitário João Carlos Vicente Ferreira, 52 anos, em que dia começou a escrever sobre cidades. Ele simplesmente não sabe. Recorda ter pago US$ 200 por um livro raro de Antenor Nascentes, papa da etimologia tupiniquim. E lembra ter material acumulado sobre 4 mil dos 5.560 municípios do Brasil. Isso é incrível! Parte da produção foi desovada em três livros, um deles o recém-publicado Municípios paranaenses. Origens e significados de seus nomes, pela coleção Paraná da Gente, do governo do estado. Os outros são sobre o Pará e Mato Grosso, onde o autor mora há 15 anos e exerce o cargo de secretário de estado da Cultura.
Paranaense de Santa Cecília do Pavão, no Norte Velho, Vicente Ferreira desenvolveu metodologia própria. Fez um formulário, que envia para os municípios. Depois, organiza as informações. De grão em grão, formou um precioso acervo que permite ler a história a partir dos nomes das cidades. Curioso é pouco para definir o resultado. Quer uma?
Ibema, no Oeste do Paraná, por exemplo, não é nenhum nome indígena, mas sigla de Indústria Brasileira de Madeiras S.A. A exploração do pinheiro e afins, vejam só, determinou inúmeras nomenclaturas, principalmente no Norte do estado e nos caminhos por onde passaram os agrimensores da Companhia Melhoramentos e de outras do ramo, nas primeiras décadas do século passado. "Os funcionários iam na frente para demarcar terras e davam nomes para rios, montes e cidades, muitas vezes homenageando namoradas ou o lugar em que nasceram", conta.
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