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Elaborar um material didático capaz de dar suporte ao conteúdo ministrado em sala de aula para os 438 mil alunos de ensino médio da rede pública do Paraná é o desafio que move cerca de 60 professores nos últimos meses. Desde 16 de junho, os docentes estão debruçados em pesquisas, textos e discussões via internet para escrever livros didáticos para cada uma das 12 disciplinas que constam na grande curricular.

O projeto desenvolvido pela Secretaria de Estado da Educação (SEED) é inédito no Brasil e já começou a ganhar corpo. A expectativa é que até dezembro, quando termina o prazo para entrega da parte editorial, os livros já estejam formatados. "Estamos com 40% do material encaminhado, mas ainda há muito trabalho por fazer", conta o professor Jairo Marçal, coordenador do projeto "Livro Didático Público".

De acordo com a chefe do Departamento de Ensino Médio da SEED, Mary Lane Hutner, se tudo correr dentro do planejado, em 2006, todos os alunos das três séries do ensino médio receberão livros de estudo fornecidos gratuitamente pelo governo do estado. "Estamos definindo ainda se entregaremos os livros de uma só vez ou se faremos por etapas. A entrega na abertura das aulas é difícil porque ainda teremos todo um processo de editoração, impressão e distribuição para cumprir depois de dezembro e isso depende de recursos. A gente espera que entre maio e junho todos sejam contemplados", afirma.

O projeto é um esforço contra a escassez de material didático voltado para o ensino médio. Geralmente o professor ou a escola indicam um livro, mas nem todos os alunos podem comprá-lo, o que cria uma série de dificuldades. Mary Lane lembra que este ano o governo do estado comprou livros de Português e Matemática indicados pelo Ministério da Educação (MEC) e repassou para os estudantes de ensino médio do estado.

Segundo a Secretaria de Educação, a confecção de 450 mil exemplares custará R$ 1,5 milhão por disciplina. Ao todo serão 5,4 milhões de livros que consumirão R$ 18 milhões. "Vamos tentar obter apoio junto ao MEC para financiar parte dos custos", diz.

Marçal explica que os livros estão sendo elaborados a partir das novas orientações curriculares para o ensino médio que a SEED apresentará no fim do ano. "Cada livro terá 200 páginas, divididas em conteúdos estruturantes. Vamos pegar um assunto, desenvolve-lo e partir para a reflexão em uma linguagem acessível ao jovem", afirma.

Ao todo, 130 pessoas estão envolvidas no projeto. Cada equipe é formada por cinco professores-autores e é assessorada por técnicos-pedagógicos da própria SEED e consultores de universidades contratados pela secretaria – entre eles, um especialista em direitos autorais.

Os docentes foram selecionados por meio de um concurso no início do ano e são oriundos de várias partes do estado, contemplando todos os 32 núcleos regionais de educação. "Desde junho, eles estão fora das salas de aula e dedicando 40 horas semanais exclusivamente para a confecção dos livros", diz Mary Lane.

Dois encontros com todos os participantes do projeto já foram promovidos para análise do material feito até agora. "Os debates e contatos são quase que diários. Recebemos os rascunhos, fazemos considerações e devolvemos, tiramos dúvidas... É um processo intenso e muito estimulante", revela Marçal. Os contatos são feitos por e-mails, chats e fóruns de discussão nos sites da SEED e do Ministério da Educação. Até o fim do ano, ocorrerão ainda outros dois encontros envolvendo todos os professores.

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