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Não é difícil encontrar alguém que, de passagem por Curitiba, elogie a limpeza da cidade. Os comentários mais comuns são sobre a coleta de lixo e o costume da população de procurar a lixeira mais próxima para se desfazer de panfletos, embalagens vazias e outros materiais indesejados. Se grande parte da população faz a sua parte, separando o lixo doméstico e depositando-o na hora certa nas lixeiras, ainda há uma parcela que precisa se conscientizar. Basta uma volta mais atenta pelo Centro da cidade para perceber que muitos comerciantes não andam colaborando, botando o lixo na rua ao menos duas horas antes do horário estipulado.

Na tarde da última quinta-feira, a reportagem percorreu algumas das principais ruas do Centro de Curitiba, área em que o lixo deve ser depositado a partir das 18 horas, já que a coleta tem início uma hora depois. Em pouco menos de duas horas, foi possível encontrar pelo menos 30 sacos de lixo ocupando calçadas – na maioria das vezes fora das lixeiras, escorados em árvores. Na Rua Barão do Rio Branco, três sacos estavam no meio da rua – um deles arrebentado, com copos plásticos e pedaços de papel higiênico usado espalhados pelo chão.

Descaso

O lixo doméstico geralmente vai para a lixeira na hora certa. O problema no Centro é o lixo produzido por estabelecimentos comerciais, principalmente restaurantes, que fecham antes do início da coleta. Segundo a prefeitura, das 33 multas aplicadas na região central em 2006 por causa do lixo colocado fora do horário, 31 foram para estabelecimentos comerciais. "A maioria era de restaurantes. E o que é pior, restaurantes renomados", afirma o secretário municipal do Meio Ambiente, José Antônio Andreguetto.

A prefeitura deu início a um trabalho de conscientização em março do ano passado. Depois disso, passou a aplicar multas de R$ 400. O valor dobra em caso de reincidência, com base na Lei de Crimes Ambientais. "O lixo que fica na rua propicia a proliferação de vetores (transmissores de doenças), porque há muito material orgânico. Além disso, pode entupir bueiros e ir para os rios", explica Andreguetto. Para o secretário, o assunto deveria chamar mais atenção dos comerciantes. "Quanto mais limpa a cidade, melhor para os comerciantes, porque o movimento aumenta."

Adaptação

A seccional Paraná da Associação Brasileira dos Bares e Restaurantes (Abrasel-PR), que representa 352 estabelecimentos em todo o estado e cerca de 150 em Curitiba, é contra o depósito de lixo antes do horário. Para a entidade, os comerciantes devem se adaptar aos horários de coleta. "O problema do Centro é sério e vemos como uma questão de adaptação", disse o diretor-executivo da Abrasel-PR, Luciano Bartolomeu. "Quem não cumprir deve ser punido. No Centro é impossível entrar com caminhões de coleta nos horários de pico."

Para Bartolomeu, os restaurantes que fecham antes dos horários de coleta devem se programar e manter um funcionário para colocar o lixo na rua. "É preciso fazer investimentos, isso entra nos custos. O lixo pode ficar armazenado, refrigerado até a hora da coleta." A Abrasel-PR mantém um programa chamado Qualidade na Mesa, em que orienta os comerciantes sobre o correto armazenamento e manipulação de alimentos e do lixo.

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