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Assaltos freqüentes a lojas de equipamentos fotográficos digitais estão desestimulando comerciantes do ramo. Os prejuízos deixados pelas investidas dos ladrões são altos. Câmeras, cartões de memória e carregadores de bateria são os objetos mais visados. "Isso ocorre porque são bens de fácil colocação no mercado", afirma o delegado-titular da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) de Curitiba, Rubens Recalcatti. Vítimas acreditam que os destinos dos produtos seriam feiras informais e leilões virtuais.

Quem já recebeu a "visita" dos assaltantes descreve praticamente a mesma história. Um ou dois supostos clientes vão à loja em busca de informações sobre algum equipamento e observam o que há no local e quantas pessoas trabalham lá. Pouco tempo depois, voltam armados e com uma sacola. Rendem funcionários e clientes e levam apenas o material digital da loja.

"É uma ação muito rápida. Quando aparecem pela segunda vez eles já sabem tudo, até onde a chave da vitrine está guardada", conta Vicente Dezgniski, que teve sua loja no centro de Curitiba assaltada duas vezes no fim do ano passado e acumula um prejuízo superior a R$ 20 mil.

Desistência

Assim como Dezgniski, Shozo Saito, há 34 anos no ramo de equipamentos fotográficos, deixou de vender aparelhos digitais depois de ser assaltado. O roubo em abril do ano passado, no bairro Boqueirão, durante o horário de almoço, trouxe a Saito o maior prejuízo de sua carreira – cerca de R$ 6 mil. "Um rapaz simpático veio e perguntou o preço de uma câmera, disse que buscaria o cartão para pagar e voltou com mais um homem armado", lembra.

Da mesma maneira foi o assalto ao estabelecimento de Jorge Schieber, no centro de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Dois homens renderam 10 pessoas. "Até os clientes que estavam na loja foram rendidos", conta. "O assalto levou uns quatro minutos e só as câmeras digitais foram levadas."

A loja de Monsueto Linhares, no centro da capital, foi a última a ser assaltada dessa maneira. Às 8h35, cinco minutos depois do estabelecimento abrir, no dia 17 deste mês, dois homens armados renderam os três funcionários, que foram trancados em um banheiro nos fundos da loja. Enquanto os assaltantes enchiam uma sacola de viagem com câmeras, memory sticks e baterias que estavam em uma das vitrines, Linhares chegou, foi rendido e revistado. "Eles levaram meu bracelete, minha corrente e mais R$ 1,5 mil que eu tinha no bolso", relata o empresário. O comerciante foi trancado com seus funcionários. "A sorte é que tínhamos um celular e pedimos para que nos tirassem de lá", lembra. O total roubado chega a R$ 30 mil.

Linhares supõe que o material levado pelos assaltantes seja revendido em feiras informais (os populares camelôs) ou em leilões virtuais, facilmente acessados pela internet. "Nesse tipo de mercado, os produtos não são vendidos com as caixas, apenas com os catálogos, e por preços mais baixos", afirma. O valor de equipamentos digitais vendidos em leilões virtuais cai para praticamente a metade do preço das lojas. Uma câmera digital Olympus 435 vendida por R$ 890 é encontrada por R$ 500 na internet. Já um cartão de memória de 256 mega da Sony pode ser comprado por uma diferença de R$ 100 em relação ao valor das lojas (R$ 220).

"Desde abril do ano passado esse tipo de assalto vem ocorrendo e não temos resposta da polícia. Ninguém foi preso e nenhuma situação foi resolvida", revolta-se Linhares. "Temos medo de colocar produtos em exposição por falta de segurança nas ruas", acrescenta.

Segundo o delegado Recalcatti, da Delegacia de Furtos e Roubos, a polícia já tem pistas de pessoas envolvidas com esses crimes e trabalha para encontrar os assaltantes e receptadores. "Há a possibilidade desse material ser levado para fora do Paraná e para outras regiões do estado por ser fácil de comercializar", afirma o delegado.

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