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Amália, de 13 anos, deixou o Facebook depois que a mãe leu o post de um menino e perguntou se era namorado | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Amália, de 13 anos, deixou o Facebook depois que a mãe leu o post de um menino e perguntou se era namorado| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Entre gerações

Adaptação a novas redes e a aplicativos de fotos é difícil para os adultos

Migrar para outras redes sociais é fácil para o jovem, mas difícil para um adulto. A explicação é simples: quanto mais novo alguém é, maior a curiosidade por outros meios de comunicação e mais fácil enjoar de um aplicativo.

Além disso, a adaptação a uma nova rede é tranquila. Em pouco tempo, ela se incorpora à vida do adolescente e vira a sensação entre os amigos. Para um adulto essa adaptação é complicada, principalmente se for exclusiva para o celular, como o Snapchat e o Instagram.

"Uma pessoa que tem hoje mais de 40 anos demora para sentir a necessidade de usar uma rede social e por isso leva tempo para entrar. Depois que entra, também vai custar para sair porque pensa que terá de aprender tudo novamente e geralmente não tem paciência para isso", explica o professor Jessé Rodrigues, que leciona Marketing Digital na Escola Superior de Publicidade e Marketing (ESPM) de Porto Alegre .

A mãe de Amália, Aline Loredana dos Santos, relutou em fazer uma conta no Facebook. Entrou em razão do trabalho e aproveitou para olhar o que a filha postava na rede. Ela sabe que agora a garota anda por outras, mas não tem intenção de entrar. "Eu só uso pelo computador, mas mesmo assim é complicado, pois a gente já passa o dia todo nele, não quer chegar em casa e gastar mais tempo com isso", conta.

Menos imagem

Redes que exploram mais as fotos também não caem facilmente no gosto dos adultos. Breno Soutto, coordenador de inteligência da E.Life, diz que o hábito de consumo e produção de imagem de gerações antigas é diferente, pois a lógica delas ainda está presa a dos filmes de 36 poses, das máquinas analógicas.

Redes do momento

Saiba como funcionam as redes mobiles preferidas dos jovens

• Snapchat – Aplicativo de mensagem instantânea que tira foto e faz vídeo. Dá para escolher entre 1 e 10 segundos o tempo que a outra pessoa terá para visualizar a imagem. Depois disso ela é excluída automaticamente do dispositivo e do servidor.

• Instagram – Aplicativo que permite compartilhar fotos com os amigos. A rede é disponível só para mobile.

• Whatsapp – Aplicativo de mensagem instantânea, que permite conversar com apenas uma pessoa ou criar grupos privados de conversa.

O seu filho não está mais no Facebook e um dos motivos é que ele quer fugir de você. A informação é de uma pesquisa divulgada pela consultoria iStrategy. Ela mostra que, em três anos, quase 7 milhões de jovens americanos entre 13 e 24 anos deixaram a rede para não serem vigiados pelos pais.

No Brasil, embora o número de usuários jovens não tenha caído, especialistas observam o mesmo padrão de comportamento: o tempo no Face está reduzido e outras redes sociais ganham espaço, principalmente Twitter, Instagram,Tumblr, Snapchat e os sites de comunicação instantânea, como o Whatsapp.

A preferência por elas está na privacidade, pois são redes que permitem formar grupos e restringir as publicações de forma menos trabalhosa que no Facebook. "O jovem não gosta de ter de se preocupar com isso, de cuidar do que publica porque a família vai ver. O que ele quer é dividir suas coisas com seu grupo de amigos, não se expor para ser julgado por alguém mais velho", diz Bia Granja, cofundadora do youPix, site especializado em fenômenos da web.

Sem contar que hoje o perfil de rede que cai no gosto da garotada está ligado diretamente à diversão. Por isso o Instagram e o Snapchat, que permitem compartilhar fotos de forma descontraída, angariam cada vez mais usuários. No caso do Snapchat, ele não só registra imagens, principalmente as selfies, como as deleta em poucos segundos, sem deixar rastros.

"O Facebook serve mais pa­ra manter contato com parentes e amigos distantes, escrever textos maiores. Por isso agrada mais a um adulto", comenta Breno Soutto, coordenador de inteligência da E.Life, multinacional que pesquisa tendências de consumo baseadas nas redes sociais.

Essa empresa divulgou no segundo semestre de 2013 uma pesquisa que mostra que a idade média dos usuários do Instagram, por exemplo, é de 24 anos. Apenas 2,8% têm mais de 40 anos, ao contrário do Facebook, que tem uma média de idade de 30 anos e concentra 23,8% de usuários acima dos 40.

Longe deles

Se a intenção do jovem é fugir da fiscalização on-line, é natural fazer o caminho inverso cada vez que os pais ingressam em uma nova rede. A jovem Amália dos Santos Ramos,13 anos, sabe muito bem como isso funciona. Há cerca de um ano, passar duas, três horas diárias no Facebook era rotina. Depois que a mãe entrou, o site ficou de lado. "Uma vez um menino escreveu na minha timeline e ela viu. Veio me perguntar se era meu namorado. É chato isso. Por isso me afastei, fico mais de um mês sem entrar", conta a garota. Agora Amália, e a maioria das amigas da mesma idade, não sai do Instagram e Whatsapp.

Sem medo

Perder o poder de fiscalização on-line sobre o filho pode ser preocupante para os pais, mas para os analistas de web não há muito o que temer. Isso porque a lógica das redes "queridinhas" dos jovens é que eles falem com grupos de amigos que se conhecem, não com pessoas diferentes. "Geralmente eles conversam com pessoas com quem eles têm contato fisicamente. Então a chance de pedofilia e outros perigos é menor. Por isso não acho que seja o caso de um controle on-line dessas redes", diz Bia Granja, cofundadora do youPix.

No mobile

Além de diversão, os jovens querem redes sociais fáceis de usar pelo celular. Segundo a E.Life, 70,5% deles acessam por smartphones. Já para os mais velhos (mais de 40 anos) a preferência é o acesso pelo computador,72,5%.

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