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Pacientes fora de quartos no Hospital Universitário: atendimento até no chão | Fábio Dias/Gazeta do Povo
Pacientes fora de quartos no Hospital Universitário: atendimento até no chão| Foto: Fábio Dias/Gazeta do Povo

Ministério segura verba há seis meses

O Hospital Universitário aguarda, há cerca de seis meses, a liberação de uma verba parlamentar de R$ 31,6 milhões que seria usada para ampliar a unidade. O dinheiro foi conseguido pelos deputados federais paranaenses, mas o Ministério do Planejamento ainda não empenhou a verba.

O superintendente do HU, João Carlos Amador, explica que o dinheiro seria suficiente para concluir o projeto inicial do hospital, que prevê um total de 300 leitos – hoje são 123.

O deputado federal Ricardo Barros (PP), um dos que apresentaram a emenda, disse que a verba está no orçamento do mi­­nistério e depende apenas de decisão política. A reportagem tentou contato com a assessoria de imprensa do órgão federal, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

O Hospital Universitário de Maringá, maior porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) na Região Noroeste do estado, enfrenta um grave problema de superlotação que tem obrigado os médicos a atender os pacientes de forma improvisada na unidade. Ontem havia 15 pessoas aguardando atendimento em colchões espalhados no chão e vários outros pacientes em macas instaladas nos corredores.

O hospital tem capacidade para atender 31 pessoas/dia, mas recebe, em média, 115 pacientes por dia. A direção atual não vê solução para o problema a curto prazo, porque o hospital não dispõe da verba necessária para aumentar o número de leitos (leia mais ao lado).

Muito aflita, a promotora de vendas Viviane Alves Proença, 26 anos, era uma das 15 pessoas atendidas no chão na tarde de ontem. "Estou aqui desde a manhã de quarta, e não recebi atendimento. Quebrei o joelho em um acidente de moto e dói muito. É uma falta de respeito com a gente", reclama.

Deitado em um fino colchão improvisado no chão, o motoboy de Paranacity, Alessandro Ferreira da Silva, 28 anos, aguardava, há mais de 24 horas, por uma cirurgia no braço, depois de sofrer um acidente de trânsito. "Não aguento mais ficar no chão. Meu braço dói muito. Me disseram que há várias pessoas na fila, aguardando cirurgia", conta o rapaz.

O atual superintendente do HU, João Carlos Amador, reconhece que a situação é crítica e afirma que ela vem piorando com o tempo. "Não se investiu nada ao longo de 20 anos e realmente não temos o que fazer, porque não há espaço para tanta gente. Para se ter uma ideia das complicações, se hoje o hospital tivesse 300 leitos, como proposto no projeto inicial, ainda não seria suficiente. Imagine com 123 leitos? Defino os corredores como uma panela de pressão". Em outubro deste ano, a direção do hospital ameaçou fechar as portas, diante do excesso de pacientes. Havia 93 pessoas, três vezes a capacidade diária, mas a ameaça não se concretizou.

Sobrecarga

Um dos principais fatores da superlotação é a elevada procura de moradores de cidades vizinhas. O hospital acolhe cerca de 120 municípios da região Noroeste do estado. "Os municípios da região preferem investir em ambulâncias para trazer a população ao HU do que brigar por novos leitos", explica o superintendente.

Há também os pacientes que estão no Hospital Universitário apenas aguardando encaminhamento para outros centros de saúde. Há um acordo para que os acidentados passem primeiro pelo HU, o que acaba enchendo ainda mais os corredores do hospital.

Além disso, parte da população de Maringá e região procura o hospital para resolver problemas simples que podem ser solucionados nas unidades básicas de saúde. "Isso atrasa o atendimento de pessoas em estado mais crítico. Já tivemos casos de pacientes que vieram aqui apenas para pedir um atestado médico", conta o superintendente.

Em entrevista à RPC TV Ma­­ringá, o chefe da unidade regional de leitos do SUS, Adelson Gon­çalves dos Santos, disse que o governo do estado vem fazendo um trabalho para diminuir o número de pacientes encaminhados ao HU, mas que a procura voluntária é grande.

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