O lugar escolhido pelo pastor Francisco Vicente Correa Filho para abrir sua igreja é um território de contradições. A realidade da Ilha dos Valadares é bem diferente daquela apresentada no site da Secretaria de Estado do Turismo. O que predomina ali não são as tradições culturais, o artesanato e as comidas típicas, e sim os problemas de ordem estrutural, o crescimento desordenado, a falta de saneamento básico e o aumento da criminalidade. Uma passarela liga a ilha ao continente, mas o rio Itiberê separa a Paranaguá turística da Paranaguá caiçara.
Na época da colonização, no século 17, a ilha pertencia à família Valadares, que mantinha ali um entreposto de escravos. Hoje com 25 mil habitantes, a ocupação se intensificou na década de 1950, graças ao café e à madeira que movimentavam o porto de Paranaguá. Moradores de ilhas vizinhas, como Guaraqueçaba, Superagui, Peças e Cotinga, passaram a se instalar em Valadares para se aproximar do continente, em busca de emprego. A passarela erguida na década de 1990 ajudou a alterar a rotina dos ilhéus. O tráfego de pessoas, motos e bicicletas com Paranaguá ficou mais intenso.
A Ilha dos Valadares situa-se a meio quilômetro do centro de Paranaguá e tem uma área de 2,8 quilômetros quadrados. Essas terras pertencem à União, mas está em curso um processo para municipalizá-las. O fandango, manifestação cultural mais valorizada do lugar, já foi apresentado em eventos por quase todo o país.
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