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Brasília – As críticas do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ao Congresso brasileiro incendiaram deputados e senadores da base e da oposição, e fizeram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinar que o Ministério das Relações Exteriores convoque o embaixador venezuelano no Brasil, Julio García Montoya, para explicar as declarações de Chávez – que chamou o Senado brasileiro de "papagaio" dos Estados Unidos e os senadores de oligarcas e "filhotes do Império".

Em nota divulgada ontem, o presidente Lula reafirmou seu "total apoio às instituições brasileiras" e seu "repúdio a manifestações que coloquem em questão a independência, a dignidade e os princípios democráticos".

No Congresso, a reação indignada foi comandada pelos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que repudiaram de forma veemente as críticas. O que mais revoltou os parlamentares foi a comparação de que o Congresso brasileiro é "papagaio dos EUA", numa reação à decisão do Senado de condenar o fechamento da mais antiga emissora de tevê da Venezuela, a RCTV. Na sessão do Senado, as declarações geraram discursos inflamados, com vários senadores acusando Chávez de agir como ditador.

"Um chefe de Estado que não sabe conviver com manifestações democráticas como a do Senado é porque, provavelmente, está na contramão da democracia. Qualquer movimento contra a democracia, contra a liberdade de imprensa, tem que ter um veemente repúdio à altura, e o Senado brasileiro fará isso toda vez que isso acontecer", afirmou Renan.

"Só devemos prestar contas ao povo brasileiro, que tem o poder de nos eleger e o direito e o poder de nos cobrar. Ele (Chávez) está contaminado pela disputa interna na Venezuela e, evidentemente, se dá um direito que não tem. É um exagero, que evoluiu para desrespeito e que nós rechaçamos", apoiou o presidente da Câmara. À tarde, Chinaglia formalizou o repúdio em nota oficial em chegou a classificar as declarações do venezuelano de "levianas e irresponsáveis".

O único a defender Chávez foi o senador José Nery (PSol-PA), que condenou a aprovação da moção de censura contra o fechamento da emissora de televisão RCTV.

Ao lamentar as declarações de Chávez, o senador Aloízio Mercadante lembrou da moção que o Congresso brasileiro aprovou contra a tentativa de golpe de Estado que ele sofreu, em 2002.

Alguns parlamentares da oposição, como o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) e o senador tucano Marconi Perillo (GO), chegaram a responsabilizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelas declarações ofensivas de Chávez ao Parlamento brasileiro.

"Hugo Chávez valeu-se da conivência de seu companheiro Luiz Inácio Lula da Silva para atingir o Congresso Nacional. O presidente brasileiro declarou que não se pronunciaria sobre a violência de Chávez porque não queria que estrangeiros se intrometessem em assunto brasileiros. E agora?", qüestionou Aleluia.

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