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Rio – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva em evento para marcar o anúncio de investimentos de R$ 3,9 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no estado do Rio disse que "somente com essas obras é que a gente vai poder derrotar o crime organizado". Lula disse pensar que "o Rio de Janeiro não voltará a ser o mesmo". Em seguida, acrescentou que "isso do Rio de Janeiro ser vendido como um estado decadente, em que ninguém quer investir, um estado que está ficando violento – isso acabou".

Do total dos recursos, R$ 2,1 bilhões são para urbanização de favelas, sendo R$ 601,7 milhões para o Complexo do Alemão, onde desde o dia 2 de maio há uma polêmica operação de guerra da polícia contra os traficantes. Há pedidos de organizações não governamentais (ONG) para que a operação seja interrompida, porque tem deixado mais de quatro mil crianças sem aula e por causa de denúncias de que há inocentes mortos pela polícia.

"Tem gente que acha que é possível enfrentar a bandidagem com pétalas de rosa, jogando pétalas de rosa, jogando pó-de-arroz", disse Lula, que é aliado do governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB). "A gente tem que enfrentar traficantes que estão muitas vezes mais preparados que a polícia", afirmou o presidente, muito aplaudido pelos presentes no Canecão. "A gente tem que enfrentá-los sabendo que a maioria do povo que mora lá é gente trabalhadora e que não pode ficar refém de uma minoria", disse. De acordo com Lula, o povo do Complexo do Alemão" é vítima do descaso que o governo teve com ele (o povo) há 50 anos atrás, há 40 anos atrás".

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou depois em entrevista que os investimentos representam um resgate do papel do Estado e que investir no Complexo do Alemão é tornar o Estado presente lá. "Achamos que o Estado, para exigir estabilidade, respeito à segurança e acabar com o crime organizado – que nada mais é que a tentativa de substituir o Estado por uma ordem privada criminosa –, nós temos que tornar o Estado presente novamente", disse Dilma. Ela acrescentou que o Complexo do Alemão é tão importante quanto outras comunidades.

No discurso, Lula disse também que os políticos não gostam de investir em saneamento porque na "manilha embaixo da terra não permite botar nome de parente". Porém, ressaltou que "isso pode salvar a vida de milhares de crianças". Lula fez um relato escatológico de sua experiência pessoal com a importância do saneamento. Contou, entre outras, que quando era rapaz morou em uma casa onde ocorriam enchentes. "Tinha enchente dessas com fezes passando na casa, com rato lutando para sobreviver, barata lutando para sobreviver."

Lula pediu aos prefeitos que apliquem logo os recursos, antes dos impedimentos do ano eleitoral. "Daqui a pouco termina o mandato de vocês e o dinheiro está chocando no banco", disse o presidente a uma platéia de prefeitos, entre eles 14 dos 15 que administram as cidades fluminenses contempladas com recursos do PAC.

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