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Brasília – Um terço das 15 perguntas feitas ao presidente Lula na entrevista coletiva de ontem foi sobre economia. No dia em que o dólar ficou cotado abaixo dos R$ 2,00 pela primeira vez em seis anos, ele anunciou que não fará mudanças no câmbio. Sempre que teve oportunidade, louvou a situação financeira brasileira que, segundo ele, é "a melhor da história".

Lula afirmou que a baixa cotação do dólar é um fenômeno mundial, que foge do controle do governo. "A gente fica dizendo que o real está valorizado sem reconhecer que o dólar está se desvalorizando diante de quase todas as moedas do mundo. Segundo, nós não podemos resolver o problema do câmbio como alguns querem que a gente resolva: ‘Ah, cria o câmbio para agricultura, cria o câmbio-soja, o câmbio-automóvel, o câmbio-parafuso’, não dá."

Competitividade

Por outro lado, o presidente garantiu que atuará para ajudar setores que estão perdendo competitividade internacional. Ele prometeu "fazer a sua parte". Acenou com a possibilidade de aumentar a alíquota para produtos importados, chegando até aos 35% previstos pela Organização Mundial do Comércio.

Também ressaltou que o principal rival do mercado brasileiro é o chinês, o que dificulta qualquer ação governamental sobre o câmbio. "O que nós precisamos saber é que não estamos competindo com a Alemanha ou com os Estados Unidos, estamos competindo com a China e as condições da China, do ponto de vista da relação trabalho/capital, é muito mais favorável do que a relação aqui dentro do Brasil."

O presidente também trabalha com a idéia de que o dólar irá se ajustar com a redução da taxa de juros.

"Vamos tratar de ordenar um aumento das importações brasileiras para que a gente tenha menos dólares, a política de juros vai sendo reduzida, nós vamos ter menos dólares. Agora, na medida em que o Brasil vai consolidando a sua economia, podem ficar certos de que nós vamos precisar aprender que mais dólares vão entrar aqui."

Impostos

Lula não indicou mudanças nos seus planos de prorrogação da Desvinculação dos Recursos da União (DRU) e a CPMF. "Todo mundo sabe que o estado brasileiro não consegue viver sem a DRU e a CPF. É um dado objetivo e concreto." O presidente também afirmou que não está com receio de que mudanças nos impostos possam acarretar pressões por parte dos governadores.

Além disso, fez elogios ao atual relacionamento do governo federal com os estados. "Mesmo que tivesse um acordo com os governadores, eu não poderia dizer. Nós precisamos fazer apenas a combinação perfeita." Nesse ponto, retomou o louvor histórico. "Eu duvido que tenha havido um momento na história em que um presidente do Brasil tenha tido uma relação com esta com os governadores."

Energia renovável

Lula afirmou que será o "garoto-propaganda" das energias renováveis brasileiras em qualquer evento internacional que participar. Disse que o Brasil não precisa receber orientações sobre o assunto, até porque é a referência mundial do tema. "Querem diminuir aquecimento, querem melhorar qualidade do ar? Usem combustível renovável, o Brasil pode ser parceiro. Querem diminuir aquecimento? Tá aqui, mamona. Não vai faltar motivação para adotar outra política energética."

Mais adiante, disse que o governo está atento à situação dos trabalhadores do setor, que muitas vezes são envolvidos em denúncias graves de trabalho escravo. "Humanizar, criar melhores condições de trabalho, esse é o segundo passo que vamos dar. No biodiesel, não podemos cometer os mesmos erros da cana de açúcar neste país. Precisamos é fazer a discussão que temos de fazer e antes não podíamos fazer."

Meio ambiente

Ao explicar como as licenças ambientais podem atrapalhar o andamento de obras do PAC, Lula prometeu respeitar o que diz a lei. "Vamos discutir porque não queremos fazer hidrelétrica depredando o meio ambiente. Só tem sentido se unirmos energia com o meio ambiente." Complementando a questão, garantiu que nada irá afetar o plano energético do país. "Posso garantir para os brasileiros que não teremos apagão e vamos fazer tudo que pudermos dentro da lei e dentro da ordem."

Greve

Logo na primeira pergunta, o presidente comentou o anteprojeto de lei que tramita no Congresso e revê as relações trabalhistas dos funcionários públicos. Evocou as raízes de sindicalista e expôs que as situações de greve no poder público e no privado são bem diferentes. "Na empresa, a gente só dava prejuízo para o patrão e não para a população em geral. Além disso, sabíamos dos riscos que estávamos correndo quando entrávamos em greve, como ter descontado os dias não trabalhados. Para mim, ficar 90 dias parado e ainda receber por isso, como acontece em alguns setores públicos, é férias", explicou.

Ao responder outra pergunta, também criticou a situação da greve dos funcionários do Ibama. "Por que o Ibama está em greve? Houve redução do salário? Alguém foi mandado embora? Apenas porque ministra deu sinal que depois de tantos anos de existência era preciso uma modernização do Ibama?"

Aborto

Dois dias depois o término da visita do Papa Bento XVI ao Brasil, Lula foi novamente questionado ao seu posicionamento sobre o aborto. Disse que é contra, mas não que não pretende se omitir das discussões sobre o tema. "Sou contra o aborto, não acredito que nenhuma mulher seja favorável como chefe-de-estado. Sou favorável que o Estado de atenção e trate o tema como saúde pública. Conheço casos de pessoas que perfuraram o estômago, tomaram chá de abacate e acabaram morrendo. O estado tem de ter responsabilidade."

Violência

A última resposta do presidente foi sobre segurança pública. Ele reforçou que a situação não é de total responsabilidade do governo federal. Mas prometeu solução, a começar pelos Jogos Pan-Americanos, no Rio de Janeiro. "Quando chegar o Pan, nós vamos ter um modelo. O Rio poderá virar uma espécie de início de uma virada na política de segurança pública. Quando o estado desaparece, o crime organizado, o narcotráfico, aparece."

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