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Brasília – Em entrevista publicada ontem pelo jornal The New York Times, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais uma vez negou que dispute com o venezuelano Hugo Chávez o papel de líder latino-americano. "Nós, na América Latina, não estamos tentando procurar um líder. Nós não precisamos de um líder. Precisamos é construir uma harmonia política’’, disse Lula.

Segundo o presidente brasileiro, a região precisa aprender a lição do século 20: "Tivemos a oportunidade de crescer, tivemos a oportunidade de nos desenvolver e perdemos esta oportunidade. Então, continuamos sendo países pobres.’’

A reportagem é intitulada "Um líder obstinado proclama potencial do Brasil na agricultura e nos biocombustíveis’’. O tema é assunto recorrente de discursos de Lula e deve ser repetido na abertura da 62.ª Assembléia-Geral das Nações Unidas, que começa amanhã.

Após uma conversa de 1h15 minutos com Lula, o jornalista Alexei Barrionuevo ressaltou sua sólida popularidade apesar do caos aéreo e do julgamento de 40 pessoas no mensalão. O presidente defendeu o ex-ministro José Dirceu.

"Não acredito que haja alguma evidência de que Dirceu cometeu o crime pelo qual foi acusado. Ele será julgado’’, afirmou.

Lula também ironizou seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que hoje dá aulas na Universidade de Brown. Ao ser indagado sobre o que fará após 2010, Lula disse que voltará para São Bernardo (SP) e completou: "Não vou entrar para um programa de estudos para graduados na Universidade de Harvard.’’

Na entrevista, que não foi mencionada na primeira página do jornal, Lula defendeu a idéia de "democratizar o acesso à energia’’. "Em vez de dez países produzindo petróleo, nós poderíamos ter 120 países produzindo biocombustíveis.’’

Por ironia, as críticas mais fortes contra o uso de combustíveis limpos partiram de Chávez e do ditador cubano Fidel Castro, ambos próximos ao PT.

Nos últimos meses, Lula vem equilibrando um discurso mais independente com a necessidade de manter o polêmico venezuelano sob sua influência. Um teste deste equilíbrio acontece quarta-feira, quando a Comissão de Relações Exteriores da Câmara vota a adesão plena do país vizinho ao Mercosul.

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