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Curitiba – Hoje, às 20 horas, os eleitores brasileiros devem ver, finalmente, o primeiro embate entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) nesta eleição. Os dois candidatos, que vão disputar o segundo turno para ver quem será o futuro presidente brasileiro, vão participar do debate organizado pela TV Bandeirantes.

No primeiro turno, Lula adotou a estratégia de não comparecer a nenhum dos encontros promovidos por emissoras de televisão. O petista usou a mesma tática de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1998. Naquela ocasião, FH também aparecia como o favorito nas pesquisas e venceu Lula no primeiro turno. Neste ano, a estratégia não deu certo para o presidente-candidato. A ausência no debate organizado pela TV Globo no dia 29 de setembro parece ter surtido efeito contrário e acabou tirando votos de Lula. Alckmin participou de debates entre presidenciáveis nas emissoras de tevê Gazeta, Bandeirantes e Globo no primeiro turno.

A grande expectativa para o encontro entre os dois candidatos, hoje à noite, é como Lula se sairá ao responder sobre a denúncia da compra do dossiê para ligar Alckmin e o governador eleito de São Paulo, José Serra, com a máfia dos sanguessugas. A Polícia Federal prendeu integrantes do PT com cerca de R$ 1,7 milhão. O dinheiro seria usado para comprar o dossiê montado por Luiz Antônio Trevisan Vedoin, acusado de ser o líder da quadrilha que vendia ambulâncias superfaturadas para prefeituras.

Outra dúvida é se o petista vai continuar com o discurso "não sabia de nada", "fui traído" ou parte para cima do tucano, trazendo denúncias contra Alckmin, mostrando que o PSDB também poderia ter seus deslizes éticos.

Vitória moral

Com o fim das apurações dos votos do primeiro turno, Geraldo Alckmin pôde se considerar vencedor, mesmo ficando em segundo lugar (Lula teve 48,6% e Alckmin, 41,63%). Para o tucano, que era desacreditado até dentro do seu partido, a ida para o segundo turno será uma nova eleição.

O professor de Ciência Política da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo Francisco Fonseca afirma que houve uma vitória moral de Alckmin. "Usando uma metáfora do futebol, o Lula estava ganhando de 3 a 0, deixou empatar no final do jogo e a partida foi para a prorrogação. E a prorrogação não deixa de ser um novo jogo", diz Fonseca.

Mas o retrospecto eleitoral não é tão favorável a Alckmin. Desde a implantação das eleições em dois turnos para presidente, nunca houve virada no segundo. Em 1989, Fernando Collor estava na frente de Lula e confirmou a vitória. Já em 2002, era Lula que aparecia em primeiro lugar e venceu José Serra.

Embate

Francisco Fonseca diz que o encontro entre Lula e Alckmin hoje na tevê será menos um debate e mais um embate. "Como se esperava uma vitória do Lula no primeiro turno, que não aconteceu, a oposição entende ser o debate uma chance importante de tirar votos do Lula e reverter o quadro eleitoral. Na verdade, em uma sociedade midiática, esses debates na tevê servem menos para discutir programas e mais para tentar colocar o adversário em uma situação difícil", afirma Fonseca.

Esse tipo de programa é que Aluízio Alves Filho, professor de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro, espera não ver. "Espero que a gente não tenha que desligar a tevê por causa de baixaria. As pessoas que são candidatas a presidente da República não devem fazer essa perversidade com o povo brasileiro. Quero saber do senhor Lula e do senhor Alckmin qual é o programa de governo deles e não ver um acusando o outro de roubar mais", afirma Alves Filho.

O professor da UFRJ diz acreditar que o debate servirá para reavivar a "saúde" da democracia brasileira. "Acho que é absolutamente fundamental. Nunca tivemos, ao longo da nossa história de país independente, um período tão longo de liberdade. Tanto no direito de opinião, como de organização, mas a política se tornou uma arte de escamoteação."

Mas, como afirma Alves Filho, um debate na tevê permite que o eleitor possa ver os candidatos apresentarem suas propostas e escolher qual é o melhor. A democracia é isso.

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