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Brasília (AE) – Em mais uma tentativa de neutralizar a crise política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já começou a lançar um kit de bondades em doses homeopáticas, para colher dividendos na eleição de outubro, quando pretende disputar segundo mandato. Muito além da operação tapa-buraco nas rodovias tão bombardeada pela oposição, há campanhas publicitárias que sairão do forno para divulgar "obras" da gestão Lula. De olho nos votos das classes D e E, o presidente também cozinha em banho-maria uma nova medida provisória, que vai reduzir impostos sobre material de construção, como tijolos e cimento.

Batizada de MP do Bem 2, ela está em preparação desde o ano passado e deve ser enviada ao Congresso até junho. O governo, porém, avalia o melhor momento para encaminhar o texto porque ficou calejado com as dificuldades para aprovar a primeira edição da MP do Bem, que desonerava investimentos produtivos e enfrentou resistências no Congresso.

"O estoque de bondades do governo é infinito", diz o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. "Neste momento, temos excesso de arrecadação que poderia ser usado, por exemplo, na construção civil, um segmento que tem grande número de desempregados. Além disso, temos demanda de 5 milhões de famílias querendo habitação popular. Só precisamos ver as chances de aprovação neste clima pré-eleitoral."

Para a oposição, Lula corre contra o tempo na tentativa de fazer em menos de um ano o que não fez em três e pavimentar sua candidatura à reeleição. "O problema é que o presidente é vítima do sectarismo do próprio PT", critica o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). "É por isso que esse governo é assim, meia boca."

Com vários números de investimentos na ponta da língua, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirma que a oposição tem "verdadeira mania" de gritar. "No interior do Paraná, dizem que isso é olho gordo", provoca. "Nós encerramos o ciclo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), reduzimos o número de pessoas pobres e não se vê nada. Falam que tudo é eleitoreiro. É por isso que nós precisamos divulgar as coisas boas."

Lula continua reclamando da comunicação palaciana e das estocadas que recebe do próprio PT. Não se cansa de insistir que o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, sabe divulgar suas obras na televisão. "É uma coisa fantástica o que acontece aqui", queixa-se o presidente, em conversas reservadas.

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