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Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está prometendo "porteira fechada" nos ministérios aos partidos que apoiarem sua candidatura à reeleição. O termo, no jargão político, significa delegar ao aliado a tarefa de preencher todos os cargos da estrutura ministerial e das estatais, de cima a baixo. Lula garante que o PT – hoje ocupando 16 das 33 pastas e secretarias especiais – perderá espaço numa nova administração e cederá vagas aos outros partidos, principalmente ao PMDB.

Em conversas na semana passada, Lula prometeu um governo de inclusão partidária. Empenhado em não deixar brechas para mais uma crise interminável, acenou com o atendimento das reivindicações dos aliados, que sempre reclamaram da interferência do PT na máquina administrativa. Lula não citou a expressão "porteira fechada" pelo grau de fisiologismo que carrega: em seu lugar, adotou o mantra do "governo de coalizão", inspirado no modelo parlamentarista.

Confiante num segundo mandato, o presidente disse aos interlocutores do PMDB, PSB e PC do B que daqui para frente tudo será diferente na relação com seus parceiros. Na tentativa de sinalizar nessa direção, ele começará desde já a atender o PMDB que apresentou fatura antecipada, com um pacote de pedidos para postos-chave.

O PMDB quer retomar, por exemplo, o controle do Ministério da Saúde, está de olho na presidência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), cobiça diretorias da Eletrobrás, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de Furnas e da Petrobrás, além de vários cargos nos Correios.

Se reeleito, Lula deseja que o PMDB seja o parceiro preferencial do governo, para não ser obrigado a recorrer às pequenas legendas com um esquema de toma-lá-dá-cá, sistema que foi o pivô do escândalo do mensalão. A promessa palaciana que serve como isca para soldar o dividido PMDB é a da inclusão de todas as alas no Executivo. O Planalto e o PT negam que a prática represente o loteamento da Esplanada.

"Não se monta governo por retalhos nem se deixa ambigüidades nas responsabilidades", afirma o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro. Coordenador político há três meses, Tarso alega que o almejado governo de coalizão deve ser construído em torno de "propostas programáticas", com metas para um crescimento mais acelerado.

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