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Itaipu - Discursos amistosos na inauguração das turbinas

Foz do Iguaçu – Com discursos amistosos e de boa vizinhança, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicanor Duarte inauguraram no início da noite de ontem em Foz do Iguaçu as duas últimas unidades geradoras da Itaipu Binacional, a 9 A e a 18 A. Ao reconhecer o importante papel desempenhado pela hidrelétrica ao Brasil e Paraguai, Lula lembrou da oposição feita no país na época da ditadura militar para barrar a construção da usina – tendo enquanto opositores ele mesmo e o atual diretor-geral Jorge Samek – e reconheceu o papel fundamental da binacional atualmente. Segundo Lula, a hidrelétrica é importante não apenas pela quantidade de empregos e riqueza que gera, mas pela garantia do Brasil de ter 50% da energia produzida e do Paraguai de que a economia vai crescer. "Agora estamos tentando construir outras hidrelétricas e hoje não é tão fácil. A legislação é mais dura e os ambientalistas estão mais exigentes", alega.

Denise Paro

Assunção (Paraguai) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitou ontem, em viagem a Assunção, pedido formal do governo paraguaio de aumento do preço pago pela energia vendida ao Brasil. Ao lado do presidente Nicanor Duarte, no palácio do governo, Lula disse que a renegociação do Tratado de Itaipu, de 1973, está fora de "cogitação". "Não existem temas proibidos na nossa relação, mas uma renegociação está fora de cogitação", disse Lula. "O dever de um presidente é muitas vezes oscilar entre o calor de sua alma latino-americana e a racionalidade do seu papel de presidente."

Pelo tratado de Itaipu, assinado pelas ditaduras militares de Emílio Garrastazu Médici e Alfredo Stroessner, cada um dos dois países tem o direito de utilizar 50% da energia produzida pela usina no Rio Paraná e que a energia não consumida poderá ser vendida apenas para o outro sócio. Atualmente, o Paraguai consome só 6% do que tem direito.

Momentos antes da entrevista de Lula, Nicanor Duarte, em discurso, pediu mudanças no tratado, sem entrar em detalhes. "Mesmo vendo a boa vontade do presidente Lula, creio que é preciso buscar um grande acordo político para mudar os termos do tratado, buscar mais justiça e igualdade no acordo, no curto e médio prazos, para refletir o que significa Itaipu para o Paraguai", afirmou.

Nos bastidores diplomáticos, o governo paraguaio pede ao Brasil o aumento do preço da energia excludente – no ano passado o Brasil repassou US$ 373 milhões em royalties pelo uso da água do Rio Paraná e pela energia –, participação na gestão da usina de Itaipu e direito de vender para outros países a produção. O governo Lula avisou que não aceita renegociar esses itens.

A imprensa do Paraguai diz que o valor pago anualmente pelo Brasil ao Paraguai pela energia excedente é um preço abaixo do valor de mercado e mostra uma posição "imperialista" do Brasil. Ontem, o jornal "ABC Color", em editorial, avaliou que o preço justo a ser pago é de US$ 2 bilhões ao ano. O mesmo jornal acusou as autoridades paraguaias de "entreguistas" e "vendedoras da pátria".

Biodiesel

O presidente brasileiro disse que não era o momento de discutir a questão. "Cada coisa de uma vez, o que o Brasil pode fazer é ajudar o Paraguai a se desenvolver", afirmou. Pela manhã, Lula depositou uma coroa de flores no Panteão dos Heróis da Pátria, onde estão os restos mortais do ditador Solano López, protagonista da Guerra do Paraguai.

Lula, em discurso no palácio, logo depois de Nicanor Duarte, defendeu um plano de produção de biodiesel em território paraguaio. O presidente disse que o biocombustível será "uma revolução" em países como Brasil, Paraguai e Bolívia.

Em meio a críticas da postura "imperialista" do Brasil, Lula ressaltou que governo um país com problemas semelhantes aos enfrentados pelo Paraguai. "No Brasil, eu tenho 44 milhões de pobres, seis, sete vezes a população do Paraguai", disse.

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