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Cerca de 20% da maconha usada no Brasil têm origem doméstica e 80% vêm do Paraguai | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Cerca de 20% da maconha usada no Brasil têm origem doméstica e 80% vêm do Paraguai| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Um relatório divulgado ontem pela Junta Internacional de Fiscalização a Entorpecentes (Jife), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), mostra que a maconha continua sendo a principal droga usada na América do Sul. A prevalência anual de uso de maconha atingiu 3% da população da região entre 15 e 64 anos, o que equivale a cerca de 7,6 milhões de pessoas, em 2009.

De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), cerca de 20% da maconha usada no Brasil têm origem doméstica e 80% entram no país pelo Paraguai. Em 2010, as autoridades brasileiras destruíram 2,8 milhões de plantas de cannabis, incluindo mudas, e apreenderam mais de 155 toneladas da erva.

Já a cocaína é a principal droga usada por pessoas que se submetem a tratamento por problemas com substâncias químicas na América do Sul. Segundo o relatório da Jife, em 2010, as apreensões de cocaína, tanto na forma de base quanto na de sal, diminuíram em vários países da região, incluindo a Argentina, Colômbia, o Equador, Uruguai e a Venezuela, se comparadas ao ano anterior. A quantidade total de cocaína apreendida, por exemplo, diminuiu de 253 para 211 toneladas na Colômbia, e, de 65,1 para 15,5 toneladas no Equador.

Análise

Ao comentar os dados, o representante do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (Unodc) no Brasil, Bo Mathiasen, disse que o mundo enfrenta um ciclo vicioso de exclusão social associada a problemas provocados pelo consumo de drogas. Ele destacou que as transformações políticas registradas em todo o planeta afetam diretamente a vida das pessoas e que aspectos como a desigualdade social e as mudanças de valores tradicionais influenciam no aumento do uso de drogas por comunidades vulneráveis.

A recomendação do Unodc, segundo Mathiasen, é que essas comunidades marginalizadas – sobretudo jovens pobres – sejam mais amparadas por meio de serviços de prevenção ao consumo de drogas, de tratamento e reabilitação e de promoção de modelos de condutas positivas. O representante da ONU defendeu ainda que sejam adotadas medidas de reabilitação, de policiamento comunitário e de acesso a oportunidades de emprego e lazer.

Ao tratar especificamente do cenário brasileiro, Mathiasen reforçou os elogios feitos pela Jife em relação a iniciativas para combater o tráfico de drogas no país, como as unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Ele citou ainda a retomada de áreas tradicionalmente ocupadas pelo crime organizado, como ocorreu no Morro do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro.

Relatório da Jife critica governo brasileiro

O relatório da Jife critica o governo brasileiro pelo atraso no repasse de dados relacionados ao tráfico de drogas no país. O representante da Jife no Brasil, Bo Mathiasen, advertiu que as informações são fundamentais para elaborar políticas contra a venda e o consumo de drogas ilegais.

Segundo o documento, no ano passado "vários governos deixaram de fornecer o relatório, incluindo países que são os principais fabricantes, exportadores, importadores e usuários de entorpecentes, como Austrália, Brasil, Canadá, Índia, Japão e Reino Unido".

Vladimir de Andrade, diretor de Assuntos Internacionais e Projetos Estratégicos da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, não explicou porque houve atraso no repasse de informações. Segundo ele, o problema já teria sido corrigido.

A Jife tem reclamado da falta de dados sobre o volume apreendido pelas polícias civis e militares. Os governadores não informam com regularidade ao Ministério da Justiça o resultado das operações contra o narcotráfico. Um exemplo aparece nos números sobre a circulação da cocaína no país. Relatório da Polícia Federal informa que, em 2011, foram apreendidas 27 toneladas de cocaína no Brasil. Mas nos dados informais das policiais estaduais esse volume chegaria a 38 toneladas. "Essa diferença é muito importante. É quase todo o volume da cocaína apreendida na Argentina", explicou Mathiasen.

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