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Neuza tenta enterrar o filho há 37 dias: corpo desapareceu do IML | Felippe Aníbal/ Agência de Notícias Gazeta do Povo
Neuza tenta enterrar o filho há 37 dias: corpo desapareceu do IML| Foto: Felippe Aníbal/ Agência de Notícias Gazeta do Povo

Há mais de um mês, Neuza Fátima Santana luta para conseguir um enterro digno ao filho, assassinado em janeiro deste ano, em Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba. Após conseguir uma autorização judicial para retirar o corpo do Instituto Médico-Legal (IML), um outro fato a pegou de surpresa: o cadáver desapareceu da câmara fria, onde permanecem os corpos à espera de liberação. "Eu nem sei o que dizer. O que eu sei é que o corpo do meu filho deu entrada aí [no IML]", disse Neuza.

O filho dela, Nilton Lopes Santana tinha 27 anos e foi morto a facadas no dia 16 de janeiro, em um milharal na localidade de Passo Amarelo, em Fazenda Rio Grande. O corpo só foi encontrado três dias depois do crime, já em estado de decomposição. No dia 19 de janeiro, Neuza foi ao IML e reconheceu o filho pelas roupas, tatuagem e pelo cabelo. Mesmo assim, não conseguiu liberação para o sepultamento do filho, porque não foi possível conferir as digitais.

A família foi à Justiça e, na quarta-feira (23), o juiz Pedro Sanson Corat, da Vara de Inquéritos Policiais, autorizou o IML a liberar o corpo "desde que não haja outro impedimento". Nesta quinta-feira (24), familiares de Santana voltaram ao IML, mas o corpo não foi encontrado. Segundo Neuza, dezenas de corpos foram retirados da câmara fria e colocados em um corredor para a conferência, mas o cadáver do filho dela não estava entre os corpos.

"Faz 36 dias que eu não durmo, que eu não como. E agora é isso: me disseram que ele [Santana] pode ter sido enterrado por engano", lamentou Neuza, já no fim da tarde de quinta-feira.

O diretor-geral do IML, coronel Almir Porcides Júnior, disse que o órgão está fazendo um levantamento para tentar localizar o corpo de Santana. "É uma busca que tem que ser feita a partir do número de registro e que todos os corpos têm de ser verificados", disse. Porcides Júnior, no entanto, confirmou que pode ter havido uma falha e que Santana pode ter sido enterrado por engano como "não identificado".

O responsável pelo IML explicou que, de acordo com a legislação, os corpos sem identificação ou que não são retirados pelos familiares podem permanecer no instituto por 30 dias. Após este prazo, o IML tem que oficiar à Justiça para que autorize o enterro dos "indigentes". "Mas é uma bola de neve. Enterramos 15, entram 40", explica.

Porcides Júnior apontou ainda que um projeto de modernização do IML já está pronto, mas que ainda não saiu do papel. "Só falta licitar e fazer", disse. De acordo com o diretor-geral, é preciso que o estado amplie o investimento em estrutura e pessoal.

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