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Belo Horizonte – A polícia mineira prendeu em flagrante ontem, em Contagem (na Grande Belo Horizonte), Elisabete Cordeiro dos Santos, que confessou ter jogado a filha recém-nascida no Ribeirão Arrudas. Elisabete foi autuada por tentativa de homicídio. A menina foi resgatada domingo à tarde com vida por populares das águas poluídas do ribeirão, que recebe dejetos de toda a região metropolitana da capital mineira. Até o fechamento desta edição, a menina permanecia internada em estado grave, porém, estável, no Centro de Terapia Intensiva (CTI) da Maternidade Municipal de Contagem.

Elisabete foi localizada em sua casa, na Vila Dom Bosco, após uma denúncia. O delegado Anderson Pires Bahia disse que depois de submetida a exames no Instituto médico-legal (IML), em Belo Horizonte (MG), ela precisou ser internada para a realização de uma curetagem uterina. Eli-sabete deverá ficar internada de 24 a 72 horas.

Aos policiais, a jovem disse que tomou remédios abortivos na madrugada de domingo. Os medicamentos provocaram o nascimento prematuro da criança, no oitavo mês de gravidez. Conforme o delegado, Elisabete disse que ingeriu ervas conhecidas como "buchinha paulista" e "um comprimido azul", não identificado. Após o nascimento da criança, ela afirmou que colocou a menina dentro de uma sacola plástica e jogou-a pela janela no Ribeirão Arrudas.

Solteira, a jovem disse também que escondeu a gravidez do pai e dos familiares. A polícia já tinha a identificação e procurava ontem o pai para que fosse ouvido. "Ela falou que não queria a criança e por isso tomou abortivo. Quando a criança nasceu, ela jogou pela janela", disse o delegado. "Em momento algum ela falou em arrependimento."

Bahia concluiu que o crime foi praticado "com premeditação". Ele solicitou que a mãe fosse submetida a exames, inclusive de sanidade mental. A versão apresentada por Elisabete ainda será investigada e confrontada com a perícia.

Testemunhas disseram que a recém-nascida estava nua, ainda com o cordão umbilical e suja de placenta. O delegado não soube estimar a distância que a criança teria percorrido no ribeirão.

Médicos que atenderam a menina afirmaram que ela apresentava hematomas leves no tórax e joelhos. "O que sugere que ela foi jogada de frente", comentou a diretora geral da maternidade, Renata Graziela Soares. Pesando 2,1 kg e medindo 45 cm, a menina respirava com a ajuda de aparelhos e estava sendo medicada com antibióticos. Ontem à tarde, o bebê apresentou uma crise convulsiva, que foi controlada com medicamentos. A diretora do hospital disse que o sintoma é um "indício" de lesão neurológica, que só poderá ser confirmada pela tomografia.

De acordo com os médicos, não há previsão de alta. "Há risco de infecção", destacou Renata. A menina foi batizada com o nome de "Michelle" pela equipe médica da maternidade.

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