Ticiane, a mãe, chora e abraça Patrícia| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

"A gente encerra uma das investigações de uma CPI de um jeito diferente: reagrupando uma família de verdade, de uma forma muito feliz."

Deputado Federal Fernando Francischini, que promoveu o reencontro.

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O abraço demorado e choroso parecia unir duas pontas de uma lacuna separada por mais de duas décadas. A mãe Taciane, de 40 anos, revia a filha Patrícia, 24, depois de tê-la abandonado em Curitiba. O reencontro ocorreu na manhã de ontem, na casa de Patrícia, no bairro Cajuru. A mãe, que vive em Garibaldi, no Rio Grande do Sul, foi localizada graças ao Trabalho da CPI do Tráfico de Pessoas.

"A gente vai manter contato para sempre. Vamos juntar as duas famílias em uma só", disse Taciane, enxugando as lágrimas.

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O reencontro pôs fim à angústia da mãe. Apesar disso, era inevitável pôr o dedo em feridas e rever episódios doloridos. Taciane deu à luz a Patrícia em 1988, em Concórdia, Santa Catarina. Após mudar-se para Curitiba, ela e o pai da menina se viram em dificuldades financeiras. A inexperiência e a certeza das privações que enfrentariam a "doar" a criança para alguém que pudesse dar-lhe "vida melhor". Assim, Patrícia foi entregue a um "intermediador" nas portas de um hotel no Centro.

"Nunca me esqueci do último sorriso que ela deu, quando a entreguei. Eu sonhava com aquele sorriso", suspira a mãe.

Por outro lado, o abraço parece ter juntado a peça que faltava à história de Patrícia. Apesar de buscar "respostas" pelo abandono, a moça de sorriso constante diz ter perdoado a mãe e parece disposta à nova vida de reaproximação. "Só quem viveu é que pode saber o que passou e os motivos que teve. Eu a perdoo pelo que aconteceu", disse. "Agora, a família aumentou", observou, em seguida.

Após ter sido entregue na porta de um hotel, Patrícia foi adotada pela camareira. Ela e o marido registraram a criança em cartório, como se fosse sua filha biológica – procedimento conhecido como "adoção à brasileira".