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Acompanhadas dos filhos, 20 mães participaram do encontro: suporte emocional a famílias que vivem dramas semelhantes | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Acompanhadas dos filhos, 20 mães participaram do encontro: suporte emocional a famílias que vivem dramas semelhantes| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo

Quando nasceu, de 7 meses de gestação e com 1,1 quilo, a pequena Gabriela era tão minúscula que as medidas da touca feita para cobrir sua cabeça eram semelhantes às de uma maçã. Prematura e com os órgãos ainda imaturos, ela levava dez minutos para tomar 3 ml de leite, e era tão frágil que a mãe, a assistente administrativa Camila Curupará, nem sequer podia segurá-la no colo. Era 2008, e a mãe, durante os 44 dias em que a filha ficou internada, vivia diariamente a angústia de não saber se – e quando – voltariam juntas para casa.

O sentimento de tristeza de Camila só pôde ser aplacado devido às reuniões que ela e o marido, o autônomo Juliano Gomes, frequentaram toda semana no Hospital Evangélico, em Curitiba. Durante o tempo em que Gabriela ficou na UTI Neonatal, o casal participou dos encontros voltados para pais cujos filhos precisem de cuidados intensivos. E, ontem, quatro anos depois do nascimento da filha, os três voltaram para um reencontro com outras famílias que se beneficiaram do serviço, criado em 2007 por uma equipe multidisciplinar do Hospital, que reúne médicos, assistentes sociais, psicólogos e capelães.

Numa sala do hospital, cerca de 20 mães, a maioria acompanhada dos parceiros, carregavam orgulhosas e emocionadas os filhos que um dia praticamente couberam na palma da mão, e que passaram, em média, 40 dias cercados por sondas, tubos e cateteres. Elas falaram sobre a importância dos encontros, que ainda ocorrem toda semana e têm como objetivo oferecer suporte emocional às mães, além de informações mais detalhadas sobre o estado clínico da criança, amamentação e cuidados pós-parto.

Acompanhando tudo com atenção, a dona de casa Vânia Silva Santos olhava para as crianças e se dizia renovada. As duas filhas dela, as gêmeas Ana Laura e Ana Júlia, estão há 35 dias na UTI, após nascerem de 6 meses de gestação, uma pesando 865 gramas e a outra, 920 gramas. A mãe só conseguiu carregá-las pela primeira vez há dez dias, quando atingiram 1,1 quilo.

Moradora do Campo de San­ta­na, Vânia já teve alta e pega quatro ônibus para ir até o hospital, todos os dias, ver as filhas. "Eu vejo essas crianças crescidas e saudáveis e sei que as minhas também vão ficar assim. Elas vão conseguir."

Evolução

De acordo com a chefe do Serviço de Neonatologia do hospital, Evanguelia Athanasio Schwetz, a UTI, que existe desde 1994, passou a ser vista de forma diferente após a criação do grupo. Se até então a unidade era um espaço impessoal, com a conscientização ela passou a ser vista como uma "casa" por onde os bebês precisam passar. Também como uma esperança que muitos não tiveram, décadas atrás, quando nasciam antes do tempo ou com problemas respiratórios, genéticos ou congênitos.

Os profissionais também mudaram. Nas reuniões, a médica explica que a equipe se compromete a relatar o estado de saúde do bebê e quais são as expectativas quanto à evolução clínica, o que acalma os pais. "Eles se sentem valorizados e seguros de que estamos cuidando bem do filho deles."

Com isso, evitam-se casos de de­­pres­­são, ansiedade e conflitos fa­­miliares que costumam atingir os pais. E contribuem para que a au­­toestima e a esperança aumentem, ajudando os pequenos a alcançar o tão sonhado 1,8 quilo (mínimo necessário para ter alta) e ir, finalmente, para casa.

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