Curitiba – As primeiras investigações sobre os negócios de Luiz Antônio Vedoin – empresário que confessou operar um sistema de licitações fraudulentas, conhecido como máfia das sanguessugas – mostram que no Paraná, mais do que ambulância, ele vendia ônibus usados. Nas cidades de Ortigueira, São João do Triunfo, Matelândia, Braganey e Coronel Vivida, empresas do grupo Vedoin venderam aproximadamente R$ 400 mil em veículos usados, que depois se transformaram em unidades de atendimento médico e odontológico. Alguns ainda estão em uso e outros foram encostados, mas todos precisaram ser reformados e consertados porque apresentavam problemas mecânicos.

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Em todos os casos, as licitações foram vencidas pelas empresas Santa Maria Comércio e Representação e Klass Comércio e Representação de Veículos, que pertenciam ao empresário investigado pela CPI dos Sanguessugas e Polícia Federal.

Em Matelândia, no Oeste do Paraná, o prefeito Edson Primon (PMDB) informou que passou toda a documentação sobre o caso para a Procuradoria Jurídica do município. Segundo Primon, mais um indício de irregularidade já foi encontrado: pelo valor do contrato de aquisição, R$ 84 mil, a modalidade de compra deveria ser feita por meio de tomada de preço, conforme estabelece a legislação. Além disso, o veículo não teria serventia, já que os postos de saúde são próximos e não há motivo de deslocamentos para atendimentos médicos.

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"Quando assumi a prefeitura, o ônibus estava quebrado, não funcionava", conta. Depois, em reunião do conselho municipal de saúde, foi decidido que deveria ser encostado. A intenção da prefeitura, segundo o prefeito, é pesquisar a viabilidade de aproveitar os equipamentos internos e leiloar o veículo.

Ortigueira, na Região Central do estado, está entre os municípios sorteados para investigação pela Controladoria-Geral da União (CGU). Os técnicos chegaram à cidade em junho de 2005, procurando uma ambulância nova, comprada em 2001. O veículo, de acordo com o convênio firmado com o Ministério da Saúde, deveria ser unidade móvel para transporte de pacientes, zero quilômetro, especificações de ter 130 cavalos de potência, pelo valor de R$ 76,8 mil. Mas os técnicos encontraram um ônibus, usado, com 103 cavalos de potência, com equipamentos odontológicos.

A Vedovel, outra empresa pertencente a Vedoin, também participou das licitações, mas apenas para perder. A Gazeta do Povo já apurou que se trata de uma empresa de fachada, supostamente criada para legitimar licitações. Com registro da sede no bairro do Boqueirão, no endereço que consta no cadastro de pessoa jurídica – Rua Cadete Reno Guido Longo Júnior, 61 – existem apenas casebres de madeira.

O programa Fantástico, da Rede Globo, mostrou na noite de domingo que o Paraná foi o segundo estado em número de municípios envolvidos com a máfia dos sanguessugas, atrás apenas de Mato Grosso. Seriam 50 cidades – o que representa um em cada oito municípios paranaenses.