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Apesar da variedade, frutas e verduras ainda ocupam pouco espaço no prato do brasileiro: baixa ingestão preocupa os médicos | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Apesar da variedade, frutas e verduras ainda ocupam pouco espaço no prato do brasileiro: baixa ingestão preocupa os médicos| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Os brasileiros consomem apenas um terço da quantidade diária recomendada dos alimentos que previnem o câncer, aponta análise feita pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), a partir dos resultados da Pesquisa de Orçamento Familiar que avaliou o consumo alimentar no país.O Fundo Mundial para Pesquisa contra o Câncer e o Inca estimam que se a população brasileira passasse a consumir diariamente 400 gramas de frutas, legumes e verduras um de cada três casos de câncer de cavidade oral (boca, faringe e laringe), um em cada três casos de câncer de pulmão e um de cada quatro casos de câncer de estômago deixariam de ocorrer.

A pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em julho, mostrou que, diariamente, o brasileiro consome apenas 126,4 gramas de frutas, legumes e verduras – o que equivale a uma pera. "A alimentação tanto pode ser um fator de proteção contra o câncer quanto propiciar o aparecimento da doença. Esses alimentos são sentinelas do nosso corpo, o exército que impede o desenvolvimento de doenças e devem ser consumidos em maior quantidade", afirma a chefe da área de Alimentação, Nutrição e Câncer do Inca, Sueli Couto.

De acordo com a nutricionista, a preocupação maior é que esse baixo consumo vem ocorrendo há muitos anos. "Já há o reconhecimento social de que tabaco causa câncer. Agora queremos o reconhecimento social de que a baixa ingestão de fruta e verdura contribui para maior risco de desenvolver a doença", afirmou.

Carne

A Pesquisa de Orçamento Familiar revelou ainda o alto consumo de carne vermelha (523 gramas semanais), o que também preocupa os especialistas. A redução dessa quantidade na alimentação equivale a diminuir em 7% os casos de câncer de cólon e reto (intestino grosso). De acordo com Sueli, o consumo ideal de carne vermelha equivale a duas porções semanais do tamanho da palma da mão de quem vai ingerir essa proteína.

O modo de preparo também é importante. "Tanto a carne vermelha quanto a branca devem ser consumidas cozidas ou assadas, não grelhadas ou fritas. Quando se expõe a proteína a altas temperaturas, ela libera substâncias cancerígenas – as aminas heterocíclicas aromáticas. A dica que se dá é primeiro cozinhar a carne, antes de grelhá-la porque o tempo de exposição na chapa passa a ser menor", explica.

A equipe da área de alimentação do Inca calculou, a partir dos dados da pesquisa, que uma família de quatro pessoas consome 1,5 quilo de guloseimas e 6 litros de refrigerante semanalmente. "É o que eu chamo de um ambiente obesogênico, que facilita o ganho de peso". A obesidade aumenta o risco de câncer de esôfago em 23%, de pâncreas em 18% e de endométrio em 29%.

Sueli defende medidas "drásticas": "Eu diria para as pessoas não consumirem refrigerantes e diminuírem o consumo desses alimentos ultraprocessados, principalmente o biscoito recheado. E por outro lado aumentar o consumo de alimentos protetivos, como frutas e verduras".

De acordo com estimativa do Inca, até o fim deste ano, meio milhão de brasileiros terão recebido o diagnóstico de câncer. As mulheres corresponderão a 52% dos casos.

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