É como se toda a população de Salvador fosse para o aeroporto e deixasse o país. Levantamento feito pelo Ministério das Relações Exteriores mostra que hoje 3.030.993 brasileiros (1,57% da população) migraram para todos os continentes do planeta. E dois em cada três brasileiros no exterior estão irregulares - ou seja não contam com nenhum apoio jurídico ou médico.
A situação já causa preocupação ao governo, conforme o embaixador Eduardo Gradilone, subsecretário-geral das Comunidades Brasileiras no Exterior do Itamaraty. "Nós atuamos para protegê-los e para regularizar a situação o máximo possível."
Os maiores avanços até agora foram conseguidos com o Paraguai. O Acordo de Residência do Mercosul, vigente desde 2009 para Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, permitiu que 5.590 dos 300 mil brasileiros que vivem em terras paraguaias se regularizassem. O Ministério das Relações Exteriores prevê que até o fim deste ano 10 mil brasileiros já estejam documentados no país vizinho e protegidos pelas leis de imigração.
Do lado da lá também há um movimento rumo ao Brasil. A Lei da Anistia para os imigrantes sem documentos permitiu que desde o ano passado o Brasil regularizasse 4.135 cidadãos paraguaios. Ao contrário dos brasileiros, que foram atrás de terras boas para o plantio, os paraguaios vieram para o Brasil em busca de emprego urbano.
Pior situação
Na mesma situação encontram-se os imigrantes ilegais bolivianos, cerca de 16 mil. Na Bolívia, aliás, onde existem 23.800 brasileiros, a situação mais grave é a de 550 famílias que ocupam terras na faixa de 50 quilômetros de fronteira, no estado do Pando, limítrofe com o estado do Acre. Todos terão de deixar as terras que ocuparam, porque a Constituição do país vizinho proíbe estrangeiros na faixa de fronteira.
Desde a posse de Evo Morales na presidência da Bolívia, em janeiro de 2006, a situação dos brasileiros por lá se agravou. Morales não só decidiu fazer valer a lei que proíbe estrangeiros na fronteira, como resolveu levar para lá colonos dos Andes, seus partidários, numa forma de ocupar o terreno onde a oposição é forte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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