Quase 60% das pessoas que vivem com HIV possuem relacionamento afetivo estável - a maioria delas com parceiros soronegativos. Cerca de 75% estão empregados e 68% residem com familiares ou amigos, ou seja, contam com apoio de pessoas próximas. Os dados são de um levantamento feito com 292 pacientes em tratamento na Casa da Aids, do Hospital das Clínicas de São Paulo. "Os infectados pelo vírus já se permitem pensar no futuro", afirma Eliana Gutierrez, diretora da Casa da Aids.
"Os resultados mostram que esses pacientes estão inseridos na sociedade do ponto de vista afetivo e econômico, seja porque dissimulam sua condição ou porque estão sendo aceitos." Para ela isso pode ser explicado pelo fato de os soropositivos, hoje, estarem fisicamente mais aptos para o trabalho e demais atividades do dia a dia. "Com os avanços na terapia antirretroviral, a aids se tornou uma doença crônica. Muitos portadores estão envelhecendo e se tornando pacientes complexos."
A maioria dos 3,3 mil pacientes acompanhados pelo serviço é formada por homens (70%) que têm, em média, 44 anos e há mais de 10 convivem com a doença. Mais da metade tem 11 anos ou mais de estudo.
Especialistas ouvidos pelo Estado, no entanto, afirmam que a realidade dos soropositivos no País, de forma geral, não é tão animadora. "A epidemia está crescendo principalmente entre aqueles com baixa escolaridade e menor acesso à informação", afirma o infectologista Ronaldo Hallal, assessor técnico do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. "Ainda se percebe uma grande fragilidade no que se refere ao apoio social a esses pacientes."
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