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De cada dez litros de água tratados pela Sanepar, pelo menos três nunca darão retorno financeiro para a companhia. É água que se perde no meio do caminho entre a produção e o consumidor ou que é usada sem autorização da Sanepar, por meio de rabichos ou por fraudes de consumidores nos hidrômetros. No total, para cada ligação de água existente no estado, a Sanepar prevê perdas de 274 litros ao dia. Na região metropolitana de Curitiba, o índice sobe para 443 litros por ligação a cada dia.

Embora pareçam altos, os números são semelhantes aos de outros estados e ainda colocam a Sanepar como uma das mais eficientes na redução de perdas. A Cedae, do Rio de Janeiro, é quem mais perde água, de acordo com o Ministério das Cidades. São mais de 1,5 mil litros de água por dia a cada ligação: quase seis vezes o total do Paraná.

"As perdas são de dois tipos: reais e aparentes", explica o diretor de Operações da Sanepar, Wilson Barion. As aparentes incluem desde erros de medição até uso de água de hidrantes por bombeiros, para apagar incêndios – tipo de consumo que não é registrado nem faturado pela empresa. Mas o mais comum são mesmo os casos em que o consumidor tira a água da rede sem pagar por ela.

O caso típico é o das áreas de invasão e de baixa renda, onde os moradores – muitas vezes sem ter outra opção para obter água potável – puxam rabichos para levar a água dos canos oficiais até suas casas. "Bem que nós queríamos resolver esse problema, mas em muitos desses lugares há ordem judicial para que a Sanepar não intervenha. E, em outros, os barracos são tão próximos uns dos outros que nem há como passar uma rede de água", afirma o diretor.

É a situação de Régis Lopes, por exemplo. Morador da Vila União/Audi, em Curitiba, ele depende há cinco anos de rabichos para conseguir água em casa. "No começo, o pessoal da Sanepar reclamava. Hoje ninguém mais incomoda", diz. Ele, a mulher e as quatro filhas têm no terreno a extensão de uma mangueira que começa no cano da Sanepar, passa por debaixo dos trilhos do trem, e se mistura a um emaranhado de outros rabichos sobre um córrego e passa por baixo da rua de terra antes de chegar a casa. Na maior parte das vezes, diz ele, a água chega limpa, sem problemas.

Barion conta que há casos de consumidores de renda mais alta que também dão um jeito de ter água sem pagar. Fraudam os hidrômetros, por exemplo. Até em hotéis já teriam sido detectados casos como esse. "Mas esse é facilmente descoberto", afirma. Ao contrário dos rabichos, que se espalham pelas grandes cidades. Hoje, pelas contas da Sanepar, cem mil paranaenses usam água vinda desse tipo de ligação improvisada.

As perdas reais ocorrem principalmente devido a vazamentos, tanto nos reservatórios e nas adutoras quanto nos próprios ramais, perto da casa de cada consumidor. Somados, esses vazamentos representam perto de 20% de toda a água tratada no estado.

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